Divulgo abaixo, trecho de mensagem enviada a comunidade academica do campus da Ufpa Marabá. Nela, o professor da faculdade de Ciencias Sociais Wanderley Padilha se posiciona de forma contundente sobre a questão da greve dos técnicos que já se estende por mais de 60 dias e, no entanto, quase nenhuma posição ou articulação se realizou diante do movimento que acontece em todo o Brasil. É dever de todos participar dessa discussão de alguma forma e também posicionar se perante uma conjuntura que dificulta a vida de qualquer trabalhador assalariado."Dilma declarou em entrevista que mantém um observatório de excelência para acompanhar a crise do sistema financeiro mundial, e como medida preventiva autorizou a aumento de superávit primário (dinheiro que o governo reserva anualmente para pagar a dívida pública) a base de cortes de orçamentos das áreas socias do governo e de uma política de contenção de gastos com o congelamento do salário dos servidores públicos federais.
Guido Mantegga, mais que ministro, coordenador da área econômica do governo, tem se manifestado diariamente na televisão dizendo que não pode haver reajuste de sálarios, esse ano, mesmo com a inflação, anualizada em julho de 2011, ultrapassando os 8% . Porém... como diz aquela economista "Global, Miriam Leitão, na semana passada o governo federal reduziu imposto do setor indústria, incluindo as montadoras de automóveis, o que resultou numa renúncia fiscal de quase 25 bilhões de reais, ou seja, a opção de Dilma é clara, AOS TRABALHADORES ARROCHO, AOS CAPITALISTAS O AFROUXO.
A classe trabalhadora desde o início do ano vem lutando aguerridamente, primeiro foram os setores da construção civil, com ápice nos incêndios dos canteiros de obras das empreiteiras em Rondônia, depois a maré de greves nos serviçõs públicos estaduais tendo os Bombeiros do Rio protaganizado a ação mais radicalizada do periodo; mais recentemente foram os médicos da rede pública de Belém que se desligaram do governo forçando a prefeitura recuar em sua intransigência.
Em setembro os batalhões da indústria brasileira (Patroleiros, Metalúrgicos e Bancários) colocaram suas campanhas salarias nas ruas e a previssão do tempo é de muita trovoada.
Nesse marco é que quero discutir, fraternalmente, os encaminhamentos tomados pelos nossos companheiros técnicos de Marabá nesse momento em que a matrícula do 4º período entra na ordem do dia.
Em primeiro lugar, qualquer greve é um ato de força, é uma inversão de poder temporária da autoridade na fábrica, na escola, no banco ou em qualquer lugar onde ela aconteça. É também a demosntração para o patrão (público ou privado), e para a sociedade, da necessidade de certo um certo tipo de trabalho, sem o qual a mesma sofre, e que tal para ser realizado precisa de condições de trabalho e remuneração digna. Nesse sentido toda greve deve ser a materialização da abstenção das tarefas rotineiras do trabalho.
Em segundo lugar, nenhum trabalhador em greve gosta de enquanto está lutando ter um fura-greve realizando suas tarefas ordinárias.
Em terceiro a soberania política de uma categorioa é circusncrita aos seus pares, ou seja, em seu forum democrático e de decisão a categoria não pode jamais atribuir delegações a outra categoria circunvizinha, como no caso dos técnicos adiministrativos das universidades com os docentes; por exemplo, na greve de médicos eles não mandam o enfermeiro fazer cirúrgias, na de rodoviários eles não mandam o pessoal da garagem dirigir, muito pelo contrário eles enfrentam toda decisão da patronal que tentar fazer alguém substituí-los durante a greve.
Em quarto lugar, toda categoria faz de seu trabalho especializado, sua grande arma de luta, e ao paralizá-lo força seu patão atender suas reivindicações.
Assim é, que, por compreender a luta dos trabalhadores dessa perspectiva, me recusei, na condição de diretor da FACSAT, a fazer as mátrículas dos alunos de Ciências Sociais para o 4º de 2011. Acho que dessa forma contribuo com aluta dessa categoria e ajudo a construir o reconhecimento da necessidade da existência desses trabalhadores nas universidades brasileira.
Acho também que, ao invés da recomendação tirada em reunião dos técncos-administrativos de Marabá, de que os diretores de faculdade fizessem as mátriculas com a ajuda dos técnicos, o correto seria ter tirado a posição de que as matriculas só acorreriam após o resultado da greve, é que solicitassem a solidariedade dos professores para a execução desse encaminhamento.
Camaradas, assim como não se faz omeletes sem quebrar os ovos, não se faz uma greve sem paralizar as atividades de rotina do trabalho.
Espero que até o final de agosto, o ANDES encaminhe a greve dos docentes para que possamos fortalecer mutualmente nossas lutas contra os desígneos desse governo neoliberal e antitrabalhador."
Fraternalmente,
Wanderley Padilha
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