É a exposição dos trabalhadores e
trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas
durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns
em relações hierárquicas autoritárias e sem simetrias, em que predominam
condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um
ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação
da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir
do emprego.
Caracteriza-se pela degradação
deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas
dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência
subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a
organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a
ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada
diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também
humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços
afetivos com a vítima e, frequentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos
do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o pacto da tolerância e do
silêncio no coletivo, enquanto a vítima vai gradativamente se
desestabilizando e fragilizando, perdendo sua auto-estima.
O desabrochar do individualismo
reafirma o perfil do 'novo' trabalhador: autônomo, flexível', capaz,
competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o
qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita.
Estar 'apto' significa responsabilizar
os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego,
aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos
trabalhadores um sofrimento perverso.
A humilhação repetitiva e de
longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto,
comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais,
ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a
incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a MORTE, constituindo um risco
invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.
Estratégias do agressor
· Escolher a vítima e isolar do
grupo. · Impedir de se expressar e não explicar o porquê. · Fragilizar,
ridicularizar, inferiorizar, menosprezar em frente aos pares. ·
Culpabilizar/responsabilizar publicamente, podendo os comentários de sua
incapacidade invadir, inclusive, o espaço familiar. · Desestabilizar emocional
e profissionalmente. A vítima gradativamente vai perdendo simultaneamente sua
autoconfiança e o interesse pelo trabalho. · Destruir a vítima (desencadeamento
ou agravamento de doenças pré-existentes). A destruição da vítima engloba
vigilância acentuada e constante. A vítima se isola da família e amigos,
passando muitas vezes a usar drogas, principalmente o álcool. · Livrar-se da
vítima que são forçados/as a pedir demissão ou são demitidos/as,
frequentemente, por insubordinação. · Impor ao coletivo sua autoridade para
aumentar a produtividade.
As manifestações do assédio segundo
o sexo:
Com as mulheres: os
controles são diversificados e visam intimidar, submeter, proibir a fala,
interditar a fisiologia, controlando tempo e frequência de permanência nos
banheiros. Relaciona atestados médicos e faltas a suspensão de cestas básicas
ou promoções.
Com os homens: atingem
a virilidade, preferencialmente.
I M P O R T A N T E - Se
você é testemunha de cena(s) de humilhação no trabalho supere seu medo, seja
solidário com seu colega. Você poderá ser "a próxima vítima" e nesta
hora o apoio dos seus colegas também será precioso. Não esqueça que o medo
reforça o poder do agressor!
L E M B R E - S E - O
assédio moral no trabalho não é um fato isolado, como vimos ele se baseia na
repetição ao longo do tempo de práticas constrangedoras, explicitando o estrago
de determinar as condições de trabalho num contexto de desemprego,
dessindicalização e aumento da pobreza urbana. A batalha para recuperar a
dignidade, a identidade, o respeito no trabalho e a autoestima, deve passar
pela organização de forma coletiva através dos representantes dos trabalhadores
do seu sindicato e das CIPAS e procura dos Centros de Referência em Saúde dos
Trabalhadores (CRST e CEREST), Comissão de Direitos Humanos e dos Núcleos de
Promoção de Igualdade e Oportunidades e de Combate a Discriminação, em matéria
de Emprego e Profissão, que existem nas Delegacias Regionais do Trabalho.
O BASTA À HUMILHAÇÃO
depende também da informação, organização e mobilização dos trabalhadores. Um
ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível na medida em que
haja "vigilância constante" objetivando condições de trabalho dignas,
baseadas no respeito “ao outro como legítimo outro”, no incentivo a
criatividade, na cooperação. O combate
de forma eficaz ao assédio moral no trabalho, exige a formação de um coletivo
multidisciplinar, envolvendo diferentes atores sociais: sindicatos, advogados,
médicos do trabalho e outros profissionais de saúde, sociólogos, antropólogos e
grupos de reflexão sobre o assédio moral. Estes são passos iniciais para
conquistarmos um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja
sinônimo de cidadania.
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