domingo, 15 de abril de 2012

Almoço das horas: “Intelectuais têm pavor de revolução”

Almoço das horas: “Intelectuais têm pavor de revolução”: Iná Camargo - Foto: Cia. do Latão  Para Iná Camargo, quando um mero intelectual diz que o projeto socialista está fora de pauta, ele es...

Máquina de desenvolver ou cavalo de Troia?

A privatização da Companhia Vale do Rio Doce completará 15 anos em menos de um mês, no próximo dia 6 de maio. Apesar desse tempo decorrido, até hoje tramitam ações na justiça para desfazer a venda da CVRD, fazendo-a reverter à condição de estatal. Não é uma questão encerrada, uma página virada da nossa história recente,
Para os mais céticos, que se consideram apenas realistas, essa meta é mais do que utópica: é impossível. Apontam para os sucessivos recordes que a empresa bateu durante essa década e meia, consolidando de vez sua condição de companhia privada.
O lucro líquido do ano passado, o maior de todos os tempos, foi equivalente a 30 bilhões de dólares. É quase 10 vezes mais do que o valor pago pelo consórcio vencedor do leilão de 1997 por 42% das ações ordinárias da então estatal.
O preço de venda é um dos nós engatados na consciência da opinião pública nacional. Até a revista especializada europeia Euromoney admitiu que o preço de mercado tivesse que ser pelo menos três vezes superior aos US$ 3,3 bilhões desembolsados pelo consórcio liderado por Benjamin Steinbruch.
Ele surpreendeu ao superar o lance do outro consórcio, comandado pela Votorantim, da família Ermírio de Moraes, que era considerado favorito, por ser o representante maior da cultuada "burguesia nacional". A surpresa não durou muito: logo Steinbruch se desligou da Vale, concentrando os seus negócios na Companhia Siderúrgica Nacional, também ex-estatal.
Essa nova surpresa levou muitos observadores a levantarem suspeita sobre quem seria o dono de fato da empresa. Não era uma dúvida qualquer. Ao ser privatizada, com 43 anos de existência, a Vale já era a maior vendedora de minério de ferro do mundo.
Tinha uma das maiores frotas de grandes navios graneleiros do mercado. As melhores jazidas de minérios do país. E um invejável sistema de transporte. Era a mais cobiçada das pedras da coroas que o Estado brasileiro exibia, no híbrido capitalismo nacional.
Esse poderio só fez se expandir — e a uma velocidade sequer suspeitada — desde 1997. A Vale produz três vezes mais, tem o maior sistema logístico que uma corporação particular opera em qualquer lugar do planeta, atua em 16 Estados brasileiros e em 36 países, tendo meio milhão de pessoas como seus empregados ou dependentes diretos.
Consolidou-se como a segunda maior mineradora do mundo — e a mais diversificada. É a maior empresa privada do Brasil, a maior do continente e uma das 20 maiores do mundo. De cada 10 dólares que entram no caixa do tesouro nacional como resultado de exportações, US$ 2 resultam de atividades da Vale no exterior.
Privatizada, ela se tornou gigantesca como jamais se podia imaginar. Parece mais estatal do que nunca, embora tenha se tornado uma das mais visceralmente privadas das corporações mundiais. É das que mais distribui dividendos aos seus acionistas, como efeito da busca por lucros cada vez maiores, batendo recordes sucessivos de rentabilidade.
A grande alavanca se formou em 2005. O preço do minério de ferro disparou para patamares nunca antes imaginados, como diria Camões (ou Lula). A Vale chegou a ser, durante certo tempo, maior do que a Petrobrás.
A mudança drástica se deveu ao consumo incrível da China. Os chineses absorvem um terço do minério do mundo. É para eles que vão 60% do ferro escoado pelo maior trem de carga do mundo, desde a província mineral de Carajás, no Pará, sem similar na Terra, até o porto da Ponta da Madeira, no Maranhão.
Haveria um agente oculto nessa oração? A pergunta suscita todos os tipos de teorias conspirativas, mas não há fantasmagorias nas ilações. O Bradesco é o maior acionista privado da Vale, mas não podia ser portador de ações. As regras do leilão proibiam que dele participasse o responsável pela modelagem da privatização. E o modelador foi o Bradesco.
As normas da venda também vedavam o ingresso na sociedade dos compradores de minério de ferro. Era lógico: haveria conflito de interesses se alguém vendesse e comprasse ao mesmo tempo. Mas a japonesa Mitsui é a maior acionista estrangeira da Vale.
Como esses absurdos se tornaram possíveis?
Em tese, mesmo privatizada, a Vale é uma empresa brasileira: 65% do seu capital votante pertencem a pessoas ou instituições diomiciliadas no país. Através de fundos estatais e do seu banco de desenvolvimento, o BNDES, o governo brasileiro tem 41% das ações ordinárias, que conferem decisões aos seus portadores.
O executivo federal detém ainda as ações especiais Golden Share, que lhe dão certos poderes diretos sobre a gestão da companhia. Por que, então, o governo vive a reclamar do que a Vale faz, como se lhe fosse um estranho? Por que não previne situações ao invés de se opor a elas depois, quando já se transformaram em fatos consumados?
A Vale se especializou em distribuir dividendos, cada vez maiores. De uma empresa assim talvez seja mais interessante comprar ações preferenciais, que, como o nome diz, conferem direito de preferência na partilha dos lucros. Estas ações são controladas por investidores privados — e estrangeiros, que se concentram na bolsa de Nova York.
Especializada na venda de commodities minerais, a Vale também está atrelada aos compradores, com ênfase especial na China. Atrelamento perigoso. Tanto mais quanto o grau de endividamento da empresa em moeda estrangeira constrange sua apregoada autonomia.
Venalidades e aviltamentos de valor à parte, o mais grave no processo da privatização da CVRD foi a falta de informações ao cidadão, que, como o povo, durante a madrugada em que o Brasil dormiu imperial e amanheceu republicano, viu a tudo bestializado.
O governo não privatizou apenas uma estatal: ele entregou poder equivalente ao de um Estado a uma única empresa; entregou um país. O país Vale. O país Brasil não pode ignorar que em seu território age um país Vale. Como catapulta do desenvolvimento ou cavalo de Troia.
Com tais preocupações, decidi criar um blog empenhado em revelar a poderosa Vale para os brasileiros, para que eles sejam efetivamente seus donos, não apenas nominalmente. Só se domina o que se conhece. De fato, em profundidade, com substância.
Todas as pessoas com o mesmo interessem podem participar dessa roda de conhecimentos. Do diálogo talvez se consiga montar um painel revelador, denso e sólido, sobre a atividade da Vale, da qual depende parte considerável dos destinos nacionais.
É um momento propício a essa iniciativa. O Brasil se esforça por aumentar a taxa incidente sobre a mineração. Uns querem elevar a alíquota, que é baixa. Outros defendem ampliar a base de cálculo (que não inclui seguro, transporte e imposto, apenas o custo direto de produção do minério). Essas falhas impedem o Brasil de participar decentemente nos resultados da atividade mineral.
Minha proposta é para que se cobre participação nos lucros da empresa de mineração. O argumento que ela usa contra taxas mais elevadas ou de maior retorno é que afetam a sua competitividade internacional. A alegação não pode ser aplicada à participação no lucro líquido.
Se o poder público tivesse direito a 10%, teria recebido no ano passado o equivalente a três bilhões de dólares. Não é mais interessante e justo? Manifeste-se acessando o blog: www.valeqvale.wordpress.com. O debate já foi servido.

domingo, 8 de abril de 2012

A arte que recria e critica a siderurgia



1 Comentário
O artista Kleber Galvêas é autor do texto a seguir. É uma dura advertência sobre graves problemas em Vitória, a capital do Espírito Santo. Mas os capixabas não o lerão. Os grandes jornais, a Gazeta de Vitória e A Tribuna se recusaram a publicá-lo. Quem ler o artigo logo saberá a razão. Mas os paraenses também ganharão muito em lê-lo. Terão uma ideia dos problemas que poderão surgir com a produção de aço no Estado. E talvez se interessem por seguir o instrutivo e original exemplo desse artista, criativo e comprometido com o seu tempo. Não há muitos desse exemplar dentre nós. Por isso decidi publicar o artigo, evitando que ela seja fulminado pela censura da grande imprensa capixaba.
Quando a Vale comemorar 15 anos como empresa privada, em maio de 2012, o projeto “A Vale, a vaca e a pena” chegará à 16ª edição. A primeira tela, desenhada com a poluição atmosférica em 1997, mostra um labirinto e a inscrição “Encontramos a saída?” Julgava, que sendo a Vale uma empresa estatal, a fiscalização feita pelo Estado estava relaxada. Perguntava se, com a privatização, a poluição seria fiscalizada. Nesse ano seu lucro foi de 270 milhões de dólares, e ela foi vendida em leilão por U$ 3,7 bilhões.
A nossa instalação artística foi planejada como registro do último ano de poluição da estatal. Porém, ao perceber que o pó preto em nossa casa e no trabalho estava aumentando visivelmente, remontamos a instalação em 1998 nas mesmas condições do primeiro ano e desenhamos mais uma tela para a coleção da Casa da Memória do ES.
Em seu primeiro ano como empresa privada, o lucro da Vale foi de U$ 756 milhões; no ano seguinte, de U$ 1,29 bilhões. Quinze anos depois, chega a quase U$ 30 bilhões.
Enquanto o lucro da empresa alcança valores astronômicos pelo desempenho fantástico da sua área financeira, impressiona a decadência da qualidade de vida em seu entorno: aumento da poluição e dos problemas sociais e políticos.
Quando as primeiras siderúrgicas foram instaladas na Ponta de Tubarão, a sota-vento da Grande Vitória, os cientistas Ruschi e Michel Bergman apontaram a impropriedade do local. Naquele tempo a consciência ecológica era restrita e se fazia premente a geração de empregos, devido à quebra do café, do cacau e da forte migração do campo para nossa capital.
Entretanto, uma empresa considerada de alto risco já no inicio, quando suas dimensões eram relativamente modestas, vem se expandindo de forma exponencial ao longo dos últimos anos. No relatório da CPI da Poluição da AL-ES, Resolução Nº 1.808/95, portanto, três anos antes da privatização, médicos e cientista (Jose Carlos Perini, Ana Maria Cassatti, Valdério Dettoni e Ennio Candotti) apontaram danos irreversíveis à nossa saúde persistindo a poluição das siderúrgicas. Não foram ouvidos.
Quanto maior o lucro, mais ativa foi a siderúrgica, o que gerou maior produção e mais poluição. O descaso do governo em identificar os responsáveis faz contraponto com a lista, publicada na imprensa, dos principais contribuintes às campanhas eleitorais do governo.
No século XXI, com expressiva consciência ecológica, e existindo uma proposta de transferir o parque siderúrgico de Tubarão (considerando que esse custo será absorvido pelo formidável lucro anual da Vale, quase dez vezes maior do que o preço pago por toda ela), a mudança se faz oportuna.
Quando julgávamos que, no alvorecer deste século, a fase de expansão das siderúrgicas em Tubarão havia cessado, o governo passado autorizou a construção da Usina 8, gigante que faz as sete usinas pioneiras parecerem anãs. Com dimensões fabulosas, é coisa que ninguém no mundo quer ter como vizinho.
Ressuscitaram as wind fences, cercas para vento, que haviam sido rejeitadas por eles mesmos nos anos 90, e mais uma vez convenceram a quem ansiava por ser convencido: o Governo
Com uma escova ou pincel, lance sobre uma folha de papel um pouco do pó que pelo ar chega à sua casa todos os dias. Sob essa folha, movimente um ímã, desses que enfeitam a geladeira. Observe que parte da poeira sobre a folha acompanha a movimentação do ímã. Essa poeira que o segue é constituída de pequenas limalhas: fragmentos de ferro Fe2, a maioria com dimensões microscópicas. Ela é importante matéria prima que há 16 anos uso para desenhar as telas da nossa provocação artística, graças à “generosidade” sempre crescente das grandes empresas de Tubarão. Gostaria muito que ela me faltasse este ano.
Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 www.galveas.com março/2012
PS. Esse texto faz parte da 16ª edição do projeto A VALE, A VACA E A PENA. Como faço há 16 anos, no dia 17 de março instalei uma tela para receber a poeira por 50 dias.
Este ano acredito que será especial, pois a Vale completa 15 anos como empresa privada; as wind fences foram instaladas; a poluição aumentou; a empresa recebeu o “Oscar da Vergonha” e a super Usina 8 deve começar a funcionar.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

'Melhores professores de inglês não são britânicos nem americanos', diz linguista

Especialista diz que o ensino do idioma no Brasil tem décadas de atraso.
Para David Graddol, o ideal é que o docente fale a mesma língua do aluno.
Fernanda Calgaro Do G1, em São Paulo

Para David Graddol, melhores professores de inglês não são necessariamente os nativos (Foto: Fernanda Calgaro/G1)

Ao contrário do senso comum, o melhor professor de idiomas não é o nativo, mas aquele que fala também a mesma língua do aluno. A vantagem desse profissional está na capacidade de interpretar significados no idioma do próprio estudante. Com a hegemonia ameaçada no caso do inglês, professores americanos e britânicos devem reavaliar a maneira como ensinam o idioma.

As conclusões fazem parte de duas pesquisas desenvolvidas pelo lingüista britânico David Graddol, 56 anos, a pedido do British Council, órgão do governo do Reino Unido voltado para questões educacionais.

No Brasil para participar de seminários sobre língua estrangeira, ele avalia que o ensino do inglês nas escolas brasileiras está muitas décadas atrasado em relação a outras nações e sugere que o país aproveite os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo para tentar correr atrás do prejuízo.

Durante 25 anos, Graddol foi professor da renomada UK Open University e atualmente é diretor da The English Company e editor da Equinox Publishing. Ele prepara um terceiro estudo, este focado mais na Índia, que será publicado até o final do ano. Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida ao G1.

G1 – Qual o perfil ideal de um professor de idiomas?
David Graddol -
O melhor professor é aquele que fala a língua materna de quem está aprendendo o idioma. Também é preciso ser altamente capacitado e ter um ótimo domínio do idioma, claro.


  • Aspas Muitas pessoas ainda pensam que os melhores professores são os nativos. Minha opinião é que elas estão erradas"
G1 - O sr. considera então que os professores nativos estão perdendo terreno para outros que falam também a língua do aluno?
Graddol -
Sim e não. O que acontece é que, usando uma metáfora, o bolo geral está crescendo, porque atualmente há cerca de 2 bilhões de pessoas aprendendo inglês ao redor do mundo. O fato de o Reino Unidos e os EUA estarem perdendo essa fatia de mercado é enganoso, porque a participação deles também está crescendo. No entanto, o bolo está crescendo mais e mais rápido. Em muitos países, há reminiscências românticas acerca do ensino de inglês. Muitas pessoas ainda pensam que os melhores professores são os nativos. Elas pagam inclusive a mais por isso. No entanto, minha opinião é que estão erradas. O que deve ser mudada é a maneira como o inglês é ensinado.

G1 - Como assim?
Graddol -
O inglês passou a ser encarado como uma necessidade. Muitos países se relacionam e fazem negócios entre si por meio do inglês, sem que nenhum deles tenha o inglês como primeiro idioma. Em muitos lugares, o inglês deixou de ser ensinado como língua estrangeira, como na Cinha e Índia, onde o inglês passou a ser considerado uma habilidade básica. Nesses países, os estudantes começam a aprender o idioma já nos primeiros anos escolares. A ideia é que mais tarde, quando atingirem o ensino médio, passem a ter aulas de outras disciplinas por meio do inglês. Historicamente, falar uma língua estrangeira era sinal de status. Agora, o que acontece é que as pessoas estão genuinamente tentando universalizar o idioma.

 G1 - O uso do inglês como “lingua franca” [quando um idioma é utilizado por pessoas que não tenham a mesma língua nativa] pode modificar o seu ensino?
Graddol -
Há certas coisas que se tornaram comuns e que parecem uma nova variedade de inglês. E nós acabamos nos habituando a esse novo uso. São coisas simples, como a maneira em que as palavras são soletradas e todas as vogais, faladas. Muitas das vogais, nós, nativos da língua, substituiríamos por um único som. Essas peculiaridades, que não necessariamente devem ser consideradas erros, precisam ser levadas em conta no ensino desse inglês global.

G1- Como avalia o crescimento da demanda pelo ensino de inglês?
Graddol -
O que está acontecendo é que, desde a década de 90, houve um aumento gradativo de pessoas aprendendo inglês e atualmente cerca de 2 bilhões de pessoas estudam o idioma. No entanto, nos próximos anos, a expectativa é que haja um declínio nessa demanda.


David Graddol defende que o Brasil aproveite as Olimpíadas e a Copa para ensinar inglês à população (Foto: Fernanda Calgaro/G1)

G1 - Como se explica essa previsão de declínio?
Graddol -
As pessoas que hoje estão no ensino fundamental e aprendendo o idioma chegarão ao ensino médio ou superior já sabendo inglês. Em muitos países da Europa, quando chegam nesse ponto, esses alunos começam a ter aulas de diferentes disciplinas em inglês. Então, deixam de ser estudantes de inglês e passam a ser usuários da língua. Eles não têm mais um professor de inglês, mas um professor de geografia, por exemplo, que dá aulas em inglês. Esse declínio não significa que menos pessoas estejam usando inglês, mas que o inglês, ensinado no ensino fundamental, começa a fazer parte da alfabetização básica.

G1 - Que idiomas podem representar uma ameaça ao inglês? Mandarim é um deles?
Graddol -
O mandarim não é uma ameaça. Certamente que tem crescido em popularidade, mas faz parte de um pensamento antigo, quando se achava que uma língua cresceria à custa de outra. No entanto, ambas podem crescer juntas, assim como outros idiomas.


  • Aspas A internet tem uma diversidade de línguas, mas o inglês acaba então sendo mais comum nos fóruns on-line de discussão e em relatórios técnicos"
G1 - Qual o impacto da internet no uso do idioma?
Graddel -
A internet é outro bolo que tem crescido cada vez mais rápido. E nela são usadas mais línguas do que antes. É um lugar que acolhe línguas menores. Meu nome é galês e, se fizer uma pesquisa no Google sobre mim na internet, aparecerão diversas páginas escritas em galês. Isso é surpreendente porque, de repente, percebemos que há um universo paralelo na internet. E o mesmo acontece com o catalão. E muitas vezes não tomamos conhecimento disso porque uma página num idioma não tem link para páginas em outro idioma. A internet tem uma diversidade de línguas, mas o inglês acaba então sendo mais comum nos fóruns on-line de discussão e em relatórios técnicos.

G1 - O ensino do inglês é bastante rentável para os países onde a língua é falada.
Graddol -
Os ganhos com o aprendizado do inglês não vêm só dos cursos de inglês mas também dos estudantes internacionais que vão para as universidades nesses países para terem aulas em inglês. Então, esse é outro tipo de exportação que pode ser creditada ao inglês.

O Reino Unido passou a disputar alunos de inglês não só com competidores tradicionais, como os EUA, mas também com outros países da Europa

G1 - A crise global afetou em algum aspecto o ensino do inglês?
Graddel -
A crise global foi positiva para o setor porque provocou a desvalorização da libra esterlina e deixou o Reino Unido mais atrativo. O que aconteceu é que o Reino Unido deixou de disputar esses alunos com competidores tradicionais, como os EUA, a Austrália e, em certa medida, a Nova Zelândia. Agora, estamos perdendo para universidades na Europa, que têm cursos de diversas áreas que são dados em inglês. Um aluno coreano, por exemplo, pode estudar direito na Alemanha e ter aulas em inglês, além de estar bem no centro da União Europeia e quem sabe até aprender um pouco de alemão. Para ele, o ganho acaba sendo maior.

G1 - O ensino do inglês deve começar nos primeiros anos escolares? As crianças obtêm resultados mais consistentes?
Graddol -
Diversos aspectos devem ser considerados. É possível começar a estudar inglês mais tarde. No entanto, se esse início for com 11 anos de idade, por exemplo, o número de horas dedicadas ao idioma precisa ser mais intenso, com, no mínimo, cinco ou seis horas. E esse ensino tem que ser bastante eficiente, que contemple o desenvolvimento de diversas habilidades da língua.

G1- Existe então uma idade ideal para começar a aprender inglês?
Graddol -
Não. Na verdade, há vantagens e desvantagens em quase todas as idades. Conheço adultos que, com meia hora de estudo, têm rendimento maior do que uma criança justamente por causa da sua experiência adquirida ao estudar idiomas. Há vários outros aspectos a serem levados em conta. Um é que é muito mais fácil criar, numa sala de aula, um ambiente que motive as crianças a aprenderem. Elas aprendem quase sem perceber. No entanto, o principal argumento talvez seja que, como nem todas as escolas conseguiriam destinar um dia da semana de uma turma de alunos de 11 anos para ensinar inglês, o melhor é começar cedo. Assim, é possível obter um progresso gradativo, que permita ao estudante chegar no ensino médio falando inglês.

No Brasil, o inglês é ainda visto como uma língua estrangeira

G1 - Como avalia a situação do Brasil em relação ao ensino e uso do inglês?
Graddol -
 No Brasil, o inglês é ainda visto como uma língua estrangeira. Em muitos outros países, as coisas avançaram muito rapidamente e não é mais visto como uma língua estrangeira. O Brasil parece estar muitas décadas atrás do resto do mundo em termos de inglês. O que está sendo feito aqui não é suficiente para produzir pessoas realmente fluentes em inglês. As escolas estão falhando ao ensinar inglês e isso é uma ótima noticia para o setor privado. As famílias que tiverem condição de bancar os estudos mandarão seus filhos para escolas de idiomas, o que gera a divisão social.

G1 - As Olimpíadas e a Copa do Mundo podem ser oportunidades para o Brasil correr atrás desse prejuízo?
Graddol -
Certamente. Foi o que a China tentou fazer, usou as Olimpíadas como uma justificativa para implantar programas de melhoria de conhecimento de inglês para a população de Pequim. Foram estabelecidas metas. E é isso que o Brasil deveria fazer, porque, se não se estabelece metas, não se sabe onde quer chegar nem se você chegou lá.

G1 - E deu certo na China?
Graddol -
Entre as metas estabelecidas na China, havia algumas em relação a policiais e taxistas, por exemplo. Mas devo dizer que não deram muito certo. Como alternativa, puseram uma maquininha dentro dos táxis que emitia a tarifa da corrida para facilitar a vida do turista. No caso do Brasil, o país deve ao menos tentar garantir que os funcionários de hotéis falem bem o inglês. E as metas precisam ser estabelecidas já, porque as mudanças levam tempo.

terça-feira, 3 de abril de 2012

SEMANA CAMPONESA 2012

SEMANA CAMPONESA   2012 - PROGRAMAÇÂO
 

Exposições:

 Assentamentos da Reforma Agrária
“Memória dos nossos mártires”
“Saberes e Território em Disputa”
Poemas Camponeses

Local: Campus I -  09 a 12.04.2012

Terça-feira  10.04.2012:

FILME “Cabra Marcado para Morrer!” – Eduardo Coutinho
Local: Auditório do Campus I
Horário: 16:00h

Memória das Ligas Camponesas – 50 anos do assassinato do João Teixeira
Debatedor: João Pedro Stédile (MST Nacional)

Lançamento do Dicionário de Educação do Campo
Paulo Alentejano (UERJ) e Fernando Michelotti (UFPA – Campus de Marabá)
Local: Auditório do Campus I
Horário: 19:00


Quinta-feira  12.04.2012
Mesa de diálogo:
Título: Questões agrária e ambiental no Sudeste do Pará: Luta das Mulheres Camponesas.
Abertura: Vídeo de abertura do José Cláudio e Dona Maria (assassinados em 24 de maio de 2012).
Convidados:
Laísa dos santos Sampaio (irmã da Dona Maria e cunhada do José Cláudio)
Maria Raimunda (MST)
Dona Joelma (FETAGRI)
Local: Auditório da UFPA
Horário: 19:00


Apresentação: Sirlene Ferraz (MST)
                     Vozes do Campo


13.04.2012
Participação no 6º Acampamento Pedagógico da Juventude: Osiel Alves – MST (Curva do S – Eldorado do Carajás)


Realização:
NÚCLEO DE ESTUDO, PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO DO CAMPO (NECAMPO)


NUCLEO DE ARTEEDUCAÇÃO DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

LICENCIATURA PLENA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO – LPEC - UFPA

COMISSÃO PASTORAL DA TERRA - CPT

FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA – FETAGRI REGIONAL SUDESTE

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST

FÓRUM REGIONAL DE EDUCAÇÃO DO CAMPO – FREC SUPA