domingo, 22 de dezembro de 2013

O homem que roubou o Natal de Jesus

No shopping próximo à minha casa, o tema da decoração de Natal é “a floresta encantada de Papai Noel”. Juro que procurei entre as folhagens de plástico, as girafas de pelúcia e os chimpanzés músicos para ver se o achava, mas não encontrei Jesus. Nada de Maria, José, do anjo, dos reis Magos e das cabras, bois e vacas. Nada que se assemelhasse a uma manjedoura. Enfim, nada de Natal na decoração de Natal.
Fiquei pensando quando foi que o menino Jesus deixou de ser protagonista de sua própria festa de aniversário. Jesus, o profeta a quem, pelo menos nas estatísticas, um terço da humanidade dedica sua fé, faz uma ponta no Natal hoje em dia. A figura central, a grande estrela da maior festa do mundo cristão é um velho barbudo de aparência nórdica que só criancinhas acreditam que exista. E, aparentemente, ninguém está nem aí.
O Natal é uma verdadeira cilada. TVs, jornais, familiares, tudo conspira para que você se sinta tomado pelo “espírito natalino”, que se traduz em: se meter em shoppings abarrotados de gente para comprar coisas que sairiam pela metade do preço no mês seguinte. Mesmo que você não queira participar, é obrigado a seguir o fluxo porque não quer que seus filhos cresçam traumatizados por não ganhar presente quando todo mundo recebe –do Papai Noel, claro, aquele gordinho que espera o ano todo por este bico, suarento debaixo da roupa vermelha e da barba branca em pleno verão brasileiro.
Aliás, a disparidade entre o que se construiu como “Natal” no hemisfério Norte e a realidade dos trópicos é um mico à parte. Bonecos de neve de feltro, de gorro, cachecol e cenoura no lugar do nariz, se espalham pelo País e tomam de assalto até as repartições públicas, enquanto as secretárias se abanam de calor. O “jeitinho” brasileiro se desdobra para recriar a atmosfera gélida, condição sine qua non para que o “espírito natalino” baixe, e dá-lhe neve de pipoca, de isopor, de algodão… Tenho certeza que nunca seremos uma nação de fato enquanto precisarmos macaquear um clima que não é nosso para conseguir algo tão singelo quanto o congraçamento familiar.
Não conheço nenhuma festa religiosa no mundo cujas principais manifestações sejam gastar muito dinheiro, comer para caramba e encher a cara. A festa máxima dos cristãos é a festa religiosa mais capitalista do planeta. E olhem que a mensagem de Cristo era o exato oposto. Não foi o filho de Deus quem expulsou os vendilhões do templo? Não foi ele quem disse que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”? Quer mensagem menos capitalista do que esta?
Mas falar dessas coisas é querer estragar a festa, quebrar a “magia” do Natal –muito embora a única visível seja o mágico tilintar das caixas registradoras. Para o comércio, a data é uma bênção. Para as igrejas, o mundo do dinheiro nunca foi exatamente um incômodo e pode, afinal de contas, render belos donativos. Tampouco parece ser um empecilho que os fiéis gastem todo o 13º salário e se endividem em compras, porque depois engrossarão as fileiras dos que procuram as casas de Deus em busca de conforto não para os flagelos da alma, mas do bolso.
Tem igrejas pentecostais que vivem disso, de oferecer aos crédulos a superação das dívidas financeiras e o sucesso econômico através do poder de Deus. De que lhes serviria abrir os olhos dos fiéis e pregar que o Natal não é sinônimo de gastança? Deixa quieto, Papai Noel é bem mais conveniente que Jesus, até porque não fere suscetibilidades. Sem essa de rico não poder entrar no reino dos céus: seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vem, não é mesmo? “Compre, compre. Ho, ho, ho”.
Meu lado cristão (de formação) se revolta de ver que o Natal se transformou nessa pseudo festa religiosa, vazia de significado espiritual. Em vez de se incomodar com a vida íntima do próximo, de tentar interferir na orientação sexual do semelhante ou de se empenhar em lutas surreais como a cruzada contra a proteção da camisinha, as igrejas cristãs deviam se dedicar a repensar sua festa mais importante. Se os cristãos fossem de fato cristãos, tinham de estar preocupados que o nascimento de Jesus perdeu o lugar para o consumismo que o Papai Noel representa. Tentar resgatar a mensagem do Natal: esta, sim, seria uma luta de fato agregadora, digna da data e do aniversariante.
Dá para começar em casa, montando o presépio com as crianças como aconteceu no passado e, no mínimo, explicando a elas que o dono da festa não é o Papai Noel, que não é por causa dele que o Natal existe. Quantos cristãos fazem isso?
Boas festas a todos.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

CARTA ABERTA AO POVO DO BRASIL EDWARD SNOWDEN


Seis meses atrás, emergi das sombras da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA para me posicionar diante da câmera de um jornalista. Compartilhei com o mundo provas de que alguns governos estão montando um sistema de vigilância mundial para rastrear secretamente como vivemos, com quem conversamos e o que dizemos.
Fui para diante daquela câmera de olhos abertos, com a consciência de que a decisão custaria minha família e meu lar e colocaria minha vida em risco. O que me motivava era a ideia de que os cidadãos do mundo merecem entender o sistema dentro do qual vivem.
Meu maior medo era que ninguém desse ouvidos ao meu aviso. Nunca antes fiquei tão feliz por ter estado tão equivocado. A reação em certos países vem sendo especialmente inspiradora para mim, e o Brasil é um deles, sem dúvida.
Na NSA, testemunhei com preocupação crescente a vigilância de populações inteiras sem que houvesse qualquer suspeita de ato criminoso, e essa vigilância ameaça tornar-se o maior desafio aos direitos humanos de nossos tempos.
A NSA e outras agências de espionagem nos dizem que, pelo bem de nossa própria "segurança" --em nome da "segurança" de Dilma, em nome da "segurança" da Petrobras--, revogaram nosso direito de privacidade e invadiram nossas vidas. E o fizeram sem pedir a permissão da população de qualquer país, nem mesmo do delas.
Hoje, se você carrega um celular em São Paulo, a NSA pode rastrear onde você se encontra, e o faz: ela faz isso 5 bilhões de vezes por dia com pessoas no mundo inteiro.
Quando uma pessoa em Florianópolis visita um site na internet, a NSA mantém um registro de quando isso aconteceu e do que você fez naquele site. Se uma mãe em Porto Alegre telefona a seu filho para lhe desejar sorte no vestibular, a NSA pode guardar o registro da ligação por cinco anos ou mais tempo.
A agência chega a guardar registros de quem tem um caso extraconjugal ou visita sites de pornografia, para o caso de precisarem sujar a reputação de seus alvos.
Senadores dos EUA nos dizem que o Brasil não deveria se preocupar, porque isso não é "vigilância", é "coleta de dados". Dizem que isso é feito para manter as pessoas em segurança. Estão enganados.
Existe uma diferença enorme entre programas legais, espionagem legítima, atuação policial legítima --em que indivíduos são vigiados com base em suspeitas razoáveis, individualizadas-- e esses programas de vigilância em massa para a formação de uma rede de informações, que colocam populações inteiras sob vigilância onipresente e salvam cópias de tudo para sempre.
Esses programas nunca foram motivados pela luta contra o terrorismo: são motivados por espionagem econômica, controle social e manipulação diplomática. Pela busca de poder.
Muitos senadores brasileiros concordam e pediram minha ajuda com suas investigações sobre a suspeita de crimes cometidos contra cidadãos brasileiros.
Expressei minha disposição de auxiliar quando isso for apropriado e legal, mas, infelizmente, o governo dos EUA vem trabalhando arduamente para limitar minha capacidade de fazê-lo, chegando ao ponto de obrigar o avião presidencial de Evo Morales a pousar para me impedir de viajar à América Latina!
Até que um país conceda asilo político permanente, o governo dos EUA vai continuar a interferir com minha capacidade de falar.
Seis meses atrás, revelei que a NSA queria ouvir o mundo inteiro. Agora o mundo inteiro está ouvindo de volta e também falando. E a NSA não gosta do que está ouvindo.
A cultura de vigilância mundial indiscriminada, que foi exposta a debates públicos e investigações reais em todos os continentes, está desabando.
Apenas três semanas atrás, o Brasil liderou o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas para reconhecer, pela primeira vez na história, que a privacidade não para onde a rede digital começa e que a vigilância em massa de inocentes é uma violação dos direitos humanos.
A maré virou, e finalmente podemos visualizar um futuro em que possamos desfrutar de segurança sem sacrificar nossa privacidade.
Nossos direitos não podem ser limitados por uma organização secreta, e autoridades americanas nunca deveriam decidir sobre as liberdades de cidadãos brasileiros.
Mesmo os defensores da vigilância de massa, aqueles que talvez não estejam convencidos de que tecnologias de vigilância ultrapassaram perigosamente controles democráticos, hoje concordem que, em democracias, a vigilância do público tem de ser debatida pelo público.
Meu ato de consciência começou com uma declaração: "Não quero viver em um mundo em que tudo o que digo, tudo o que faço, todos com quem falo, cada expressão de criatividade, de amor ou amizade seja registrado. Não é algo que estou disposto a apoiar, não é algo que estou disposto a construir e não é algo sob o qual estou disposto a viver."
Dias mais tarde, fui informado que meu governo me tinha convertido em apátrida e queria me encarcerar. O preço do meu discurso foi meu passaporte, mas eu o pagaria novamente: não serei eu que ignorarei a criminalidade em nome do conforto político. Prefiro virar apátrida a perder minha voz.
Se o Brasil ouvir apenas uma coisa de mim, que seja o seguinte: quando todos nos unirmos contra as injustiças e em defesa da privacidade e dos direitos humanos básicos, poderemos nos defender até dos mais poderosos dos sistemas

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

HALLOWEEN: FESTA IMPORTADA QUE NÃO SERVE PRA NADA (só comércio e alienação)



Reproduzo aqui texto do professor Rizzato Nunes publicado em terramagazine.com
Trato deste assunto mais uma vez pela importância que ele tem não por sua existência no Brasil, mas porque demonstra os modos de controle que o mercado exerce sobre os consumidores em geral, bem como a dificuldade que existe para a tomada de consciência da possibilidade de libertação das amarras tão bem engendradas pelo capitalismo contemporâneo. Pois bem. Vem aí mais um dia das bruxas. Ao que parece, já é parte do calendário comercial e, o pior de tudo, é que muitas escolas aderiram!
Halloween no Brasil? São as “bruxas e bruxos” do marketing, que sempre aproveitam alguma coisa para faturar e, no caso, uma gorda receita, vendendo bugigangas, doces e mais porcarias para nossas crianças. 
É verdade que, algumas escolas, não conseguindo fugir do evento, estão começando a fazer atividades didáticas e lúdicas, sem o emporcalhamento de doces e guloseimas oferecidos em grandes quantidades e sem nenhuma função de educação ou saúde. Mas, é pouco, pois, infelizmente, tudo indica que o tal dia das bruxas, famoso nos Estados Unidos, instalou-se entre nós, alegre (ou macabro) e impunemente.
Tive oportunidade de mostrar que Ignácio Ramonet, no livro Guerras do Século XXI (Petrópolis:Vozes,2003), diz que o novo sistema de controle dos grandes países poderosos não é mais o de territórios, mas o de mercados. Aliás, são as grandes corporações que controlam as forças internas desses países desenvolvidos pela via do mercado, de modo que elas e esses países visam por esse meio (o do mercado) ao controle dos mercados (e das sociedades)  do mundo inteiro.
Essa forma de domínio, no final do século XX e início do XXI,  passou a se imiscuir em praticamente todas as atividades humanas, transformando em evento comercial qualquer comemoração.
Pensemos a questão do Halloween  no Brasil.  O que, afinal de contas, as crianças brasileiras têm a ver com essa festa pagã? Nada. Trata-se de uma importação sem qualquer fundamento ou justificativa local. É agora apenas algo que o mercado deseja. Para se ter uma idéia do que está em jogo, nos Estados Unidos, a festa do terror, das bruxas e dos fantasmas já se tornou o segundo maior momento de faturamento do mercado, perdendo apenas para o Natal.
Lembro da reclamação de meu amigo Walter Ego: já há quatro anos no fim de outubro, ele estava na casa de parentes num condomínio fechado do interior de São Paulo, quando bateram à porta  crianças fantasiadas de bruxas, caveiras, duendes e o que o valha. A porta foi aberta e eles disseram: “travessuras ou gostosuras”.  E lá foram os parentes de meu amigo entregar saquinhos que tinham previamente preparado com doces, balas e chocolates. E depois daquelas crianças vieram muitas outras. “Uma grande bobagem”, reclamou W. Ego.
Na época, depois dele me contar o episódio, eu, brincando, objetei que também  tínhamos a Páscoa e mais ainda o Natal, este que, por muitos anos – e ainda até hoje – faz, por exemplo, com que comamos, em pleno calor tropical, comidas gordas, doces, frutos secos, nozes etc, alimentos típicos de lugares frios, de onde a festa foi importada. “É verdade”, disse ele. “Mas, isso se deu em outros tempos. Eu pensava que atualmente nós pudéssemos lutar contra esse tipo de imposição; que poderíamos resistir”.
Sim, talvez pudéssemos. Há mesmo um início de tomada de consciência a respeito do controle exercido pelo mercado, algo que vem se esboçando desde fins do século XX. O consumidor, considerado como tal – algo que ficou bem estabelecido a partir da mensagem enviada ao Congresso Americano em 15-3-1962 pelo então Presidente John Kennedy – pôde começar a se perceber como alvo dos fornecedores em geral e até do próprio Estado produtor. E, assim, aos poucos, passou a reclamar e reivindicar direitos. Passou a poder resistir às tentações e determinações unilaterais. Mas, ainda não consegue fazê-lo em larga escala. Aliás, essa questão do Halloween no Brasil oferece uma boa oportunidade para o exame de como as coisas são feitas. É que estamos ainda no nascedouro de uma imposição mercadológica.
No meu tempo de criança ou adolescente (há quarenta anos) seria impensável um dia das bruxas no Brasil. Não sei quando começou. Mas, possivelmente há cerca de dez ou quinze anos, alguma escola de inglês deve ter feito a programação para seguir o ritual norte americano. Depois, no ano seguinte mais um escola e mais outra etc. Com  a importação via tevê à cabo e também tevê aberta de cada vez mais enlatados americanos que reproduzem a festa (Basta ficar com o exemplo famoso do grande filme de Steve Spielberg, E. T., no qual o evento é retratado), aos poucos, os brasileiros foram se acostumando com a festa, como se a mesma também fizesse parte de nossa realidade. Daí, mais um ano, e a festa foi feita em escolas; depois em baladas de adultos e,  enfim, chegou o momento em que parece que ela tem a ver conosco. Atualmente, nas tevês à cabo, nos canais de programas infantis, são apresentados programas específicos somente sobre a festa. Evidentemente, o mercado, sempre de olho nas oportunidades, deu sua contribuição e eis que temos entre nós crescendo vigorosamente uma festa importada, sem qualquer fundamento cultural e mesmo sem sentido ritualístico.
Dá para resistir?  No Estado de São Paulo e também na capital,  há leis oficializando o dia 31 de outubro como o Dia do Saci, como uma tentativa de se opor ao Dia das Bruxas, uma vez que o Saci é tipicamente Nacional, pertencendo a nosso folclore e tradições. Há também na Câmara Federal projeto de lei para instituir o Dia Nacional do Saci. São, penso, tentativas  válidas. Mas, é pouco. A resistência real e que poderia  funcionar deve vir do próprio consumidor, especialmente os pais, que podem explicar aos menores  o que é a festa e porque não participar dos eventos. As escolas devem fazer o mesmo e, claro, os pais poderiam pressioná-las a não produzirem esse tipo  de comemoração.
Repito o que disse acima: se ainda existisse algum significado simbólico ou ritualístico na festa, vá lá. Mas, nem as crianças-vítimas ou seus pais sabem do que se trata. É apenas um momento de gasto inútil de dinheiro em fantasias, doces e gorduras, contribuindo para cáries e a obesidade infantil.
O que conseguimos observar, é que cada vez mais nossa cultura (e a sociedade brasileira) vai cedendo espaço àquilo que não nos pertence. Aos poucos e continuamente, vamos preenchendo nossos espaços com tradições de outros povos – como já fizemos e muito — e que, nesse caso, sequer é algo relevante, pois se trata de uma  evidente imposição do mercado oportunista que, como já disse, só pensa em faturar.
O processo é lento, mas constante. Aqueles que atuam no mercado são espertos o suficiente para entender um pouco a alma do consumidor e acabam descobrindo a necessidade de preencher os espaços existentes no lar, no convívio doméstico, na relação entre pais e filhos. Daí, na presente hipótese, oferecem, com essa  estranha  comemoração,  mais uma boa desculpa de ocupação desse tempo, que fica, como quase sempre, intermediado pelo dinheiro gasto. É o consumismo enlatado e alienante, esteja ou não de acordo com nossas tradições e nossas leis

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Há 25 anos, Chico Mendes nos deixa um legado.

Símbolo da luta de trabalhadores contra as injustiças sociais na região amazônica. Chico Mendes se mantém como a prova viva de uma amazônia que não cessa em ser explorada por fins puramente econômicos, condenando assim os povos dessa região e o próprio país a um Estado de violência, injustiça e uma verdadeira afronta a qualquer ser humano. UM VIVA A FLORESTA, VIVA A LUTA DAQUELES QUE LUTAM POR NOSSA PRÓPRIA HUMANIDADE!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

COLOQUIO NACIONAL DE ESTUDOS CULTURAIS




II CONGRESSO INTERNACIONAL KARL MARX

Começou nesta quinta-feira (24), no anfiteatro 1 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, o 2º Congresso Internacional Karl Marx. Ao todo, serão 80 comunicações durante três dias, neste evento organizado pelo Instituto de História Contemporânea da FCSH, pela Cultra – Cooperativa Culturas do Trabalho e Socialismo, pelo coletivo Unipop e que conta com o apoio da rede Transform, a organização para a cultura dos partidos da Esquerda Europeia. A Carta Maior estará acompanhando os debates do Congresso com a correspondente Cristina Portella, direto de Lisboa.

“O fato de ser o 2º Congresso Internacional demonstra a vitalidade que o estudo do marxismo mantém e retoma, num momento de intensa crise internacional do capitalismo em que é necessário pensar as formas de luta daqueles que lutam no campo do socialismo”, disse ao portal Esquerda.net o historiador Fernando Rosas, que sublinhou a forma aberta e plural como irão decorrer os debates, “juntando várias correntes de opinião que têm em comum o lema de Marx: 'Os filósofos limitaram-se até agora a analisar o mundo, mas o que é preciso é transformá-lo”.

Também, por isso, explicou Fernando Rosas, foi preciso fazer uma adaptação nos horários do último dia, que foram “apertados” para que o Congresso termine pontualmente às 15 horas, para permitir que os seus participantes se integrem na manifestação contra o atual governo português e a troika, convocada pelo movimento Que se Lixe a Troika. Veja aqui a programação completa do congresso.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

MOVIMENTO TODOS PELA EDUCAÇÃO, ORGANIZAÇÕES GLOBO, CABRAL, PAES E COSTIN: ‘AMANSAR’ OS PROFESSORES COM CASSETETES PARA AVANÇAR CONTRA A ESCOLA PÚBLICA


Roberto Leher*
Em homenagem a Emilio Luiz Pedroso Araújo, um defensor da escola pública popular

O que leva o arco de forças que reúne Sergio Cabral, Eduardo Paes, seus secretários de educação, respectivamente, Wilson Risolia e Claudia Costin, a acionar o uso ilegal do aparato policial para reprimir bestialmente trabalhadores da educação em generosa luta em prol de uma carreira que valorize a dedicação ao fazer educacional, a qualificação e a progressão funcional ao longo da vida, possibilitando que a opção pelo trabalho na escola pública seja  um estimulante projeto de vida?
A mesma indagação pode ser feita sobre os motivos que levam porta-vozes da coalizão empresarial Todos pela Educação (TPE), como Priscilla Cruz, que vêm a público criticar a politização e a ideologização da greve[1], posição ecoada de modo viperino pelas organizações Globo.
Todos juntos, governos, lobby empresarial, corporações da mídia, desqualificam a greve por ser motivada por interesses de pequenos grupos e de partidos de esquerda radicais. A despeito do fato objetivo de que os governos Cabral e Paes não abriram negociações sérias e objetivas, prolongando a greve, o discurso da referida coalizão promove uma inversão no nexo causal: se a greve se prolonga é porque assim quer o sindicato, motivado por interesses escusos de pequenos grupos. A monumental assembleia de continuidade da greve, realizada no dia 4 de outubro, reunindo mais de cinco mil corajosos profissionais da educação, evidentemente é uma vigorosa refutação do bolorento argumento da direita repetido, ad nauseam, no período da ditadura e que O Globo, após enriquecer com o apoio ativo ao golpe, agora diz se arrepender.  
A mensagem implícita é que os governos são justos, ágeis nas negociações, fazem o que podem para atender ao que Risolia e Costin entendem ser “as verdadeiras reivindicações” dos profissionais da educação, ainda que estas estejam em antípoda em relação a pauta aprovada nas concorridas assembleias. Quando se torna evidente que o governo nada irá negociar, o subentendido é que, caso os professores tivessem verdadeiro amor aos seus alunos, a volta ao trabalho seria rápida e resignada.  Neste prisma, a continuidade da greve é um gesto hostil aos estudantes e às suas famílias.  
Tal narrativa é obtusa, mas interessada e coerente em relação ao projeto de contrarreforma da educação pública. O que significa para os profissionais da educação nova postergação no atendimento de suas verdadeiras reivindicações?  Significa uma opção por viver dramáticas privações econômicas, ausência de perspectivas para o seu futuro profissional, fadiga pelo trabalho com turmas lotadas e pela precária infraestrutura da rede, como evidenciado no relatório do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro[2] (situação igualmente grave na rede estadual), frustração pela imposição de cartilhas e pacotes educacionais que secam toda possibilidade da docência e interditam as suas vozes, jornadas extenuantes que invadem as noites, os finais de semana e mesmo as férias. Não é difícil concluir que a pauta é necessária para assegurar o real direito universal à educação pública!
Somente aceitando uma sábia resignação, diz a representante empresarial, os professores serão reconhecidos e valorizados pela sociedade! Conforme a peculiar lógica da diretora da coalização das corporações, quando lutam por uma carreira que fortaleceria a escola pública, os professores se desgastam ainda mais perante a sociedade. Novamente, o implícito: um dia vocês serão valorizados. Confiem em nós! Os governos federal, estaduais, municipais que atuam em conjunto com as corporações, todos estamos com vocês! Quem já esperou um século, pode esperar mais algumas décadas! Quanto a imagem pública dos professores, a representante das corporações nada diz sobre o significado de serem vistos pelo público – pelos estudantes, pais e pelo conjunto da sociedade – levando rudes golpes de cassetetes, bombas lançadas do alto das edificações, jatos de spray de pimenta e balas de borracha.  Qual é a imagem que a referida coalizão – Cabral, Paes, TPE, Globo –  produz com os seus atos de violência e barbárie sobre os profissionais da educação? O que está sendo dito sobre a dignidade e o respeito a uma categoria tão estruturante da democracia?
Por que a reivindicação de uma carreira compatível com a docência, no sentido proposto por Marilena Chauí[3], não teria “relação com os interesses coletivos dos professores” (e dos demais servidores que são imprescindíveis para a rede pública, desde a garantia de alimentação saudável para as crianças e do trabalho profissional na secretaria das unidades escolares, até a constituição de um conjunto de servidores capazes de imprimir profissionalismo e permanência nos atos administrativos indispensáveis para a organização administrativa da rede pública)?
Na história da educação pública, a carreira docente sempre compôs o cerne da política pública para a educação. Uma carreira comprometida com a escola pública assegura a autonomia intelectual e a garantia do caráter público da educação, o agir ético como servidor público e a qualificação para se desincumbir dessa elevada função pública.
A carreira reivindicada[4] institui as condições para o ingresso do servidor no serviço público de modo impessoal, por meio de requisitos de qualificação profissional, provas e exames de títulos, processo que deve acontecer no bojo do concurso público. Normatiza as regras de progressão ao longo da vida funcional, valorizando a experiência, a dedicação e a qualificação, reconhecendo o esforço do servidor da educação em seguir o seu processo de formação, por meio da especialização, do mestrado e do doutorado. Define as atividades que compõem o rol da docência e das atividades técnicas e administrativas, objetivando assegurar a indispensável autonomia frente aos interesses particularistas de grupos políticos (como o Todos pela Educação), aos interesses puramente mercantis, como na venda de material pedagógico  (Roberto Marinho, Alfa&Beto etc.), ao processo de ensino e aprendizagem (recusando o foco no direito à aprendizagem sem ensino), na garantia da formação cultural, artística, científica rigorosa, ampla e universal dos estudantes (combatendo a segregação da educação popular por meio de uma formação minimalista de competências rudimentares, como preconizado pelas avaliações padronizadas) e, não menos importante, na possibilidade de dedicação a uma determinada escola, evitando a condição de professor nômade, hoje instaurada principalmente na rede pública estadual.
Finalmente, a carreira normatiza o tempo. Somente assegurando tempo para as atividades fora da sala de aula, será possível uma docência criativa, fundamentada na ciência, garantindo as condições objetivas para que os profissionais estejam engajados em estudos coletivos, pesquisas, planejamento das aulas, avaliação qualitativa do trabalho dos estudantes, em diálogo com os movimentos sociais, o sindicato, pais e responsáveis, a comunidade escolar e as universidades.
O valor da remuneração, é importante frisar, não é o determinante da carreira, mas, por óbvio, é condição necessária para que a carreira possa garantir a plena dedicação ao trabalho. Somente com remuneração digna é possível o engajamento arrebatador no trabalho pedagógico cotidiano. Tal compromisso é incompatível com o sofrimento advindo da privação econômica, levando os professores a buscarem vários empregos para compor uma renda minimamente compatível com as necessidades básicas da vida. A degradação da carreira não provoca apenas sofrimento econômico, mas psicossocial. A opção pela carreira do magistério, ao ser anunciada por um jovem, provoca reações de comiseração, sugerindo que é uma opção dos fracassados.
O projeto de carreira imposto por Eduardo Paes – Claudia Costin[5] é antagônico com o conceito de carreira docente e dos demais profissionais da educação. Em um contexto de vertiginoso aumento na produção científica nas ciências da natureza e nas ciências duras e de grandes desafios diante de problemas que envolvem esses domínios do conhecimento (energia, agricultura, saúde, aquecimento global, biotecnologias..), o mestrado e o doutorado nestas áreas nada valem, pois a única pós-graduação stricto sensu reconhecida é na área de educação: física, química, matemática, história, geografia, ciências sociais são ignoradas. Detalhe não irrelevante. Os que realizaram doutorado em educação somente  terão seus títulos reconhecidos se a Prefeitura tiver recursos!
Como se não bastasse tal irracionalidade, somente os servidores em regime de 40 horas poderão ser inseridos no novo plano, restringindo o seu alcance para menos de 10% do total. Objetivamente, os profissionais da educação que ocupam cargos de magistério de 16h, 22 h 30 min e 30 h estão excluídos do enquadramento no Plano.  O governo afirma que futuramente poderá abrir novas oportunidades de ampliação da carga horária para 40h, mas tal opção irá depender da disponibilidade financeira e da vontade monocrática da Prefeitura. Também os professores do primeiro segmento do ensino fundamental e da educação infantil que realizaram concurso aberto aos que possuíam a formação em nível “normal”, igualmente não poderão ser enquadrados, ainda que tenham nível superior, pois somente os que realizaram concurso para nível superior poderão ser inseridos na nova carreira.
A rigor, é um plano que não valoriza a qualificação tão proclamada como indispensável, desconsidera a formação em vários domínios do conhecimento e, ao restringir o universo dos possíveis beneficiados, sobressai um dos objetivos não proclamados do novo plano: a redução do impacto orçamentário do plano. As prioridades, na gestão Paes, estão vinculadas aos negócios imobiliários e aos grandes eventos da cidade-mercadoria.  A formação dos estudantes, a carreira dos profissionais, a escola pública são as grandes perdedoras do novo plano.
O plano não contempla a valorização funcional ao longo do tempo de carreira, um dos pilares de qualquer carreira magisterial.  No lugar de uma valorização por toda vida laboral, no caso da educação básica, ao menos de 25 anos, o plano restringe a onze anos o tempo para progressão, mantendo apenas as quatro classes atualmente existentes.
Examinando as carreiras magisteriais dos países da OCDE, em geral a diferença entre o início e o final da carreira é superior a 300%. Conforme o plano Paes-Costin, após 25 anos de magistério, um professor terá seu salário 26,5% maior do que no início da carreira. Por sua vez, uma Agente Auxiliar de Creche receberá por tempo de serviço, no máximo 7,7% em toda sua carreira! A “valorização” por formação é desconcertantemente irrisória: depois de cursar pós-graduação, mestrado e doutorado, um professor estará recebendo apenas 15% a mais do que um graduado[6]. Um dos princípios mais axiais da luta magisterial, a paridade entre os ativos e aposentados, é desconsiderada, como se os aposentados, após a dedicação de suas vidas à educação, pudessem ser descartados, esquecidos e submetidos a progressivo empobrecimento.
Por tudo isso, é possível concluir que a greve dos profissionais da educação pública, iniciada em 8 de agosto de 2013, é um movimento em prol do futuro da escola pública. Alternativamente, a política Cabral-Risolia e Paes-Costin, afinal referenciada, como a do MEC, na agenda do TPE, é incompatível com a escola pública capaz de assegurar uma formação cultural e científica integral, plena, a todos os que possuem um rosto humano. Frente ao projeto em curso, o uso da violência extrema não surpreende, pois, onde houver um professor que se volte contra o pacote educacional que impõe o apartheid educacional, haverá uma voz a ser silenciada: pelos manuais do ABC pedagógico introduzidos por corporações e, sempre que necessário, pela violência policial. O que as forças do atraso não perceberam é que o clamor pela educação pública pulsa nas escolas e nas ruas e o projeto de conversão das escolas em ‘organizações’ dirigidas pelas corporações não passará!
Rio de Janeiro, 5 de outubro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Agronegócio: o discurso e a realidade.

O discurso de que o agronegócio é o modelo responsável por alimentar o país e empregar a força de trabalho camponesa cai por terra quando se olha os dados do meio rural brasileiro.

Segundo o censo rural do IBGE, a maior parte da produção para alimentação do povo brasileiro (70%) e emprego dos trabalhadores está na agricultura familiar, mesmo esta tendo menos crédito e poucas terras.

O agronegócio, por sua vez, concentra terras, recebe mais créditos e produz apenas 30% do que é consumido pela população. O resto da produção, em sua maioria commodities, é exportado.
— with Lozo Silva

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Agrotóxicos: o perigo eterno

A questão é a seguinte: o Brasil é o maior exportador de soja, de carnes, de açúcar, de suco de laranja e de café. Somos o número um no mundo. E temos uma estrutura de vigilância, de fiscalização e de estruturação de apoio aos setores de saúde quase zero. Por Najar Tubino

Não é uma metáfora, apenas o prazo de validade que estes produtos químicos usados intensivamente na produção de alimentos usufruem no Brasil, o maior consumidor mundial – um milhão de toneladas ou um bilhão de litros. Nos Estados Unidos o prazo é de 15 anos, na União Europeia 10 anos e no Uruguai quatro anos. Entre 2006 e 2011, época da implantação dos transgênicos o volume consumido aumentou 72% de 480,1 mil para 826,7 mil toneladas. A área de lavouras aumentou 19% de 68,8 milhões de hectares para 81,7 milhões. E o consumo médio por hectare passou de 7 kg em 2005 para 10,1kg em 2011. Neste mês de setembro o assunto voltou à tona. Em uma matéria na revista Galileu, a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), por intermédio do presidente, Eduardo Dahler, desqualificou o dossiê dos agrotóxicos lançado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Em uma nota, assinada em conjunto com o Instituto Nacional do Câncer e a Fundação Oswaldo Cruz, desqualificaram as declarações do representante das corporações que dominam o setor:

“Não aceitaremos pressões de setores interessados na venda de agrotóxicos e convocamos a sociedade brasileira a tomar conhecimento e se mobilizar frente a grave situação em que o país se encontra, de vulnerabilidade relacionada ao uso massivo de agrotóxicos. O compromisso dos que criticam as pesquisas é apenas o lucro na venda de venenos”.

Maior exportador e zero
O dossiê da Abrasco têm 472 páginas, dividida em três partes. A segunda foi lançada durante a Rio+20, e a última no final do ano passado. É um levantamento nacional baseado em várias pesquisas de profissionais das universidades federais do Ceará, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e de Pelotas, além dos pesquisadores da Fiocruz, do INCA e de outras entidades. Traz dezenas de relatos, inclusive uma série de cartas depoimentos de representantes de comunidades atingidas pelo impacto dos agrotóxicos, ou que estão cercadas por projetos de irrigação – caso do nordeste-, ou do Centro-oeste, caso do Mato Grosso. Faz uma análise detalhada dos efeitos de vários dos produtos usados pelo agronegócio no país.

A questão é a seguinte: o Brasil é o maior exportador de soja, de carnes, de açúcar, de suco de laranja e de café. Somos o número um no mundo. E temos uma estrutura de vigilância, de fiscalização e de estruturação de apoio aos setores de saúde quase zero. Exemplo: 46 técnicos para avaliar agrotóxicos contando ANVISA, Ministério da Agricultura e IBAMA. A Divisão de Agrotóxicos da EPA, Agência Ambiental dos EUA tem de 90 a 100 apenas no registro, na reavaliação de 180 a 240 e no impacto ambiental de 80 a 90 técnicos especializados. Neste quesito não podemos dizer que não há comparativo, porque há e muitos. Os profissionais da saúde não tem capacidade de diagnosticar as pessoas intoxicadas com agrotóxicos. Os registros, que são espontâneos no SINITOX – Sistema Nacional de Informação Toxicológica- na maioria dos casos só contabilizam os casos de intoxicação aguda e nunca as crônicas.

Tentativas de suicídio
Num trabalho de pós-graduação do curso de Geografia Humana, da USP, a pesquisadora Larissa Mies Bombard avaliou as estatísticas do SINITOX de 1999 a 2009 – 62 mil intoxicações por agrotóxicos. A Organização Mundial da Saúde calcula que para cada registro outros 50 não

ocorreram. Ou seja, poderiam ser 3,1 milhões de intoxicações. Também foram registradas 25.350 tentativas de suicídios, com 1.876 mortes. Cabe ressaltar que no nordeste, principalmente Ceará e Pernambuco, tentativas de suicídios abarcaram 75% dos casos notificados. Relação direta com as áreas de irrigação onde se cultivam frutas para exportação –melão, abacaxi e banana, manga, entre outras. Não há novidade neste quesito. Os agrotóxicos, venenos descobertos e testados na época da II Guerra Mundial tinham por objetivo principal matar pessoas. No caso dos organofosforados – produtos do fósforo-, testaram os gases Sarin, Soman e Tabun. Entre os sintomas mais conhecidos nos intoxicados é a depressão. O veneno atinge o sistema nervoso dos humanos, dos insetos e de qualquer outro ser vivo.

Quanto custa o registro de um ingrediente ativo no Brasil? Entre 50 e mil dólares. Nos Estados Unidos: US$630 mil. Para fazer reavaliação: US$150 mil nos Estados Unidos. No Brasil – isento. Os agrotóxicos também não pagam ICMS, IPI, PIS/PASEP e COFINS.

Tirar os agrotóxicos da ANVISA
Não foi exatamente o dossiê da Abrasco que causou problema às corporações. Desde a década passada que a ANVISA está fazendo a reavaliação de 14 princípios ativos dos agrotóxicos. Quatro já foram banidos, dois estão com indicativos. O último deles, o endossulfan, um inseticida usado em vários cultivos, teve seu prazo de validade encerrado em julho de 2013. A pressão aumentou contra os dirigentes da agência. A bancada ruralista inferniza os profissionais . Um deles, ex-gerente geral de Toxicologia, Luiz Cláudio Meirelles, acabou exonerado, depois que foi divulgado que sete agrotóxicos não haviam passado pelo sistema de avaliação, e obtiveram registro no Ministério da Agricultura diretamente.

A intenção da bancada ruralista e da senadora Kátia Abreu é tirar da ANVISA o registro dos agrotóxicos, levar para uma comissão do Ministério da Agricultura, que funcionaria nos moldes da CNTbio. Isso é um passaporte para a eternidade dos agrotóxicos no país. Uma das integrantes da vigilância tóxica da ANVISA, Letícia Rodrigues da Silva num trabalho sobre as controvérsias dos agrotóxicos aponta os limites do atual modelo de avaliação:

“Os estudos feitos pelas empresas não são de acesso público. Existe um conflito de interesse e ingerência do patrocinador nos estudos. Existe proteção de dados por 10 anos. Relação privilegiada entre governo e empresas.”

E ressaltou a estratégia das empresas para combater os estudos dos órgãos reguladores. Começa pela desqualificação dos estudos que apontam riscos dos agrotóxicos. Logo em seguida, a contratação de pareceristas e jornalistas, para combater do ponto de vista técnico, questionam protocolos de estudos, significância e exposição. Depois captura e desqualificação dos autores e instituições que apontam os riscos. Terceiro passo: a busca de aliados políticos e a pressão aos órgãos de governo. Última etapa, a judicialização.

Irregularidades dentro das fábricas
Letícia da Silva também apontou alguns resultados das fiscalizações que a ANVISA realiza diretamente nas fábricas das empresas. Em 2010, houve interdição de 800 mil litros na BASF, por falta de rastreabilidade nas soluções utilizadas e componentes vencidos. Na fábrica da Dow encontraram embalagens vazando, problema em rótulos, com data de fabricação

adulterada, alterações em formulações. Na fábrica da FMC interditaram 140 mil litros com produtos vencidos e com etiquetas adulteradas. Acrescentando a isso, casos de irregularidades nas condições de trabalho e saúde dos funcionários, problemas ambientais, do consumidor.

No Brasil, os agrotóxicos ilegais, que entram por contrabando ou com origem desconhecida, somam 9% do mercado, um dado do Sindicato da Indústria de Produtos da Defesa Vegetal (SINDAG). Em dinheiro representa US$540 milhões e seria a quinta empresa do setor. O Sindicato dos Auditores da Receita Federal tem divulgado um dado constantemente – 30% dos agrotóxicos importados e eles somaram 57% do consumo em 2012, não tem origem conhecida.

São químicos com alto impacto na vida da população e no ambiente. Um estudo da Embrapa sobre a retenção dos agrotóxicos nas plantas indica o seguinte: 32% do que foi aplicado fica retido na planta, 19% o vento carrega para a vizinhança e 49% permanece no solo. Será levado pela chuva, penetrará no lençol freático, viajará por córregos, rios, até chegar às estações de tratamento de água. O índice de potabilidade da água, a percentagem de produtos aceitáveis na água potável mudou da década de 1990 para 2013. Naquela época era permitida a presença de 13 tipos de agrotóxicos e 11 produtos de química inorgânica (metais pesados). Em 2004, aumentou para 22 tipos de agrotóxicos e 13 produtos inorgânicos. A portaria de potabilidade da água n º2.914/2011 permite a presença de 27 tipos de agrotóxicos e 15 produtos químicos inorgânicos.

Pressão de todo tipo
No Brasil existem 434 ingredientes ativos e 2.400 formulações de agrotóxicos registrados nos ministérios da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente. Dos 50 mais utilizados nas lavouras 22 são proibidos na União Europeia. No segmento das hortaliças, que envolve uma área de 800 mil hectares são destinados 20% dos ingredientes ativos dos fungicidas. Entre 2006-2011 o volume de fungicidas aumentou de 56 mil toneladas para 174 mil toneladas, a maior parte para combater a ferrugem da soja. O volume de inseticidas, no mesmo período, aumentou de 93,1 para 170,9 mil toneladas e os herbicidas, consequência dos transgênicos, de 279,2 mil toneladas para 403,6 mil toneladas.

“No Brasil, o suporte laboratorial e tecnológico, seja para monitorar resíduos nos alimentos e no meio ambiente, seja para monitoramente biológico, dos trabalhadores expostos, permanece bastante limitado há décadas, apesar da necessidade crescente.” Um trecho do dossiê da Abrasco, que segue:

“O pacto político/econômico em que predominam os interesses da bancada ruralista para uma maior liberalização do uso dos agrotóxicos no âmbito do Legislativo mais de 40 projetos de lei nessa direção; no Executivo pressão sobre os órgãos reguladores como a ANVISA; no Judiciário a impunidade nas mortes no campo; na pesquisa mais de 95% dos recursos da Embrapa voltados ao agronegócio e na mídia com os canais especializados na televisão”.

Campanha Permanente Contra
A indústria dos agrotóxicos com todo o seu poder deve estar reavaliando suas estratégias. O combate direto cada vez mais expõe o perigo da questão. Não adianta arregimentar

profissionais para desmentir, denunciar, produzir outras versões. Agora as corporações, pela primeira vez na história, enfrentam uma Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e em Defesa da Vida, que reúne mais de 50 entidades. Além de um Fórum Permanente contra os impactos dos Agrotóxicos, envolvendo 16 instituições, entre elas o Ministério Público do Trabalho. Em 2013, o MPT conseguiu uma grande vitória, ao definir um acordo no Tribunal Superior do Trabalho, para indenizar mais de mil trabalhadores da antiga fábrica de agrotóxicos organoclorados da Schell, em Paulínia (SP), funcionou até 2002. No total, entre ações coletiva e individual, R$370 milhões, divididos entre a Schell e a BASF, última dona da fábrica. Duas campanhas organizadas e permanentes, além do documentário rodando na internet “O Veneno tá na mesa”, de Sílvio Tendler.

Isenção Ideológica
Mesmo assim, a ANDEF levou a Lucas do Rio Verde (MT), onde um avião agrícola pulverizou áreas urbanas, atingindo 65 chácaras e 180 canteiros um professor de química da USP para contestar o estudo em leite materno de 62 nutrizes, que detectou várias substâncias tóxicas. Erro de metodologia.Outro da Unicamp, também do regimento da ANDEF, diz que vai contestar o dossiê da Abrasco, que analisou 4.896 currículos, para identificar os pesquisadores que trabalham com a temática dos agrotóxicos. Apenas 10% estudam os aspectos de toxicidade aguda ou crônica dos químicos.

“-Esse mapeamento aponta que os estudos não têm abordado a temática da saúde e ambiente, que deveria ser de grande interesse, tanto dos pesquisadores, das suas instituições e dos órgãos de fomento, no país que já há alguns anos tem se colocado no topo do consumo mundial de agrotóxicos. As indústrias de agrotóxicos investem em mecanismos de cooptação de pesquisadores para produção de evidências científicas para a legitimação do uso de seus produtos, com o fomento de recursos financeiros para pesquisas”.

A maior acusação do presidente da ANDEF, Eduardo Dahler contra o dossiê, é “que esses pesquisadores mostraram que há conduta ideológica na Fiocruz, não se pode acreditar nos dados deles”. Na época da ditadura, quando criaram o sistema de crédito rural e vincularam o dinheiro ao uso de um pacote de químicos, as mesmas corporações mostraram a sua isenção ideológica. Contrataram o general Golbery do Couto e Silva, no caso da Dow Química, e o general Ernesto Geisel, após deixar a presidência, assumiu a Norquisa.

O veneno tá na mesa, também está no sangue, na gordura dos corpos, no sistema nervoso de milhares de pessoas, só ainda não entrou na agenda urbana do país. Os agrotóxicos levam uma vantagem, não são visíveis. A pessoa come, ingere minúsculas doses, que vão se acumulando por anos, até resultar numa doença grave. Os maiores registros de diversos tipos de câncer. É claro, nunca há o vínculo com o veneno. Nunca haverá, porque o assunto não está no currículo dos profissionais de saúde, nem das ciências agrárias. Os ingleses definem os agrotóxicos, que no Brasil está na lei 7.802/1989, como pesticidas, significa o que acaba com as pestes. Provavelmente, na história futura da civilização industrial, vai ser definido exatamente quem é a peste: se os insetos e as plantas chamadas de invasoras ou os venenos.

domingo, 22 de setembro de 2013

Leon Trotsky e a cultura.

Este texto foi publicado pela primeira vez em 1926-27

"A cultura é um fenômeno social. Precisamente por isso a linguagem, como órgão de intercomunicação entre os homens, é um instrumento da maior importância. A cultura da própria linguagem é a condição mais importante para o desenvolvimento de todos os ramos da cultura, particularmente a ciência e a arte. Da mesma forma que a técnica não está satisfeita com os velhos aparatos de medição e cria outros novos, micrômetros, voltímetros..., tratando de obter e obtendo maior precisão, assim em matéria de linguagem, da capacidade para escolher as palavras adequadas e combiná-las da forma adequada, se requer um trabalho sistemático e tenaz para conseguir o maior grau de precisão, claridade e intensidade. A base deste trabalho deve ser a luta contra o analfabetismo, do semianalfabetíssimo e do alfabetismo rudimentar. O próximo passo será a assimilação da literatura clássica russa."


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A saúde como mercadoria: A face da hostilidade burguesa e racista é quem rejeita os médicos cubanos.


O racismo tem uma origem histórica e reporta à defesa de uma ideologia capitalista reacionária que cumpre uma função definida pelo sistema econômico. Nos tortuosos caminhos travados pela burguesia em busca do acúmulo de capital, o racismo criou raízes e se moldou para servir ao domínio e exploração da maioria.
A hostilidade com a qual os médicos cubanos foram recebidos por grupos de médicos brasileiros, os quais representam uma fração da burguesia, revela que racismo e luta de classes andam lado a lado. Afinal todas as manifestações de racismo e xenofobia têm uma razão objetiva, como a flagrante declaração da jornalista Micheline Borges do Rio Grande do Norte[1], que causou revolta nas redes sociais ao publicar um depoimento dizendo: “essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica. Médico, geralmente, tem postura e se impõe a partir da aparência”. O racismo tem uma origem histórica e reporta à defesa de uma ideologia capitalista reacionária que cumpre uma função definida pelo sistema econômico. Nos tortuosos caminhos travados pela burguesia em busca do acúmulo de capital, o racismo criou raízes e se moldou para servir ao domínio e exploração da maioria.
Em 1939, o grupo de médicos “Aliança Eugênica”, que representava os interesses da classe dominante e que, detinha o controle de muitos conselhos sanitários, pregava que as endemias brasileiras resultavam da qualidade da “raça brasileira” dizendo que o “tipo nacional” vindo da mistura de brancos, negros e índios estaria condenado à preguiça e à debilidade física e mental. No panfleto de difusão do grupo, o médico João Batista de Lacerda (Diretor do Museu Nacional do Brasil) afirmava em alto e ‘bom’ tom:
Vemos o papel importantíssimo do elemento imigratório branco, influindo poderosamente na redução de negros e mestiços de nossa população. Este fator de arianização não concorre somente para o aumento numérico do contingente branco puro, mas não cruzando com os mestiços concorre para a limpeza da raça com a diluição do coeficiente do sangue inferior e, portanto, para a queda de muitas doenças que nos assaltam”.[2]
O racismo se instrumentalizava na precária saúde pública brasileira para que os pouquíssimos profissionais atendessem exclusivamente os mais ricos. Enquanto isso, a febre amarela matava mais de 10 mil por ano (1850-1859) e a varíola mais de 5 mil (1870-1899), restando somente à população pobre recorrer aos curandeiros que atendiam nos vilarejos. Enquanto as verbas destinadas para saúde na década de 50 não ultrapassavam 1,2% do PIB, o índice de mortalidade geral chegava a 13,2%. O índice crescente de mortalidade dos trabalhadores tornou-se um problema para a burguesia que perdia mão-de-obra barata, prejudicando a economia capitalista.
Além disso, era preciso ‘mascarar’ a imagem do Brasil, que estava taxado como ‘região bárbara’ e sintonizá-lo com a ‘civilização’ dos países desenvolvidos aos moldes do capitalismo. Portanto, o sistema econômico exigia uma política mínima de saúde pública para que a massa de trabalhadores, que expressava a própria fonte geradora de riqueza do capitalismo, tivesse as condições de sobrevivência para dispor à própria força de trabalho e garantir assim, a expansão da produção que enriquecia a burguesia. As míseras políticas públicas para erradicação das doenças que assolavam a população pobre foram implantadas prioritariamente, nas regiões metropolitanas onde estavam instalados os grandes portos que movimentavam as exportações do país e concentravam maior número de trabalhadores, como Rio de Janeiro, Santos, Recife, Salvador e outros.  Estas políticas, dialeticamente, vieram também como resultado das lutas dos trabalhadores que combatiam para que não morressem extenuados pelo trabalho, pela fome, miséria e doenças, muitas das quais relacionadas à falta de saneamento básico. Ao mesmo tempo, a especulação imobiliária necessitava de melhorias urbanas para lucrar e acumular, expandindo-se para áreas alagadiças e insalubres próximas aos centros das metrópoles nascentes.
A partir das necessidades e exigências do sistema capitalista que crescia com a exploração da classe trabalhadora, o Estado foi obrigado a implantar o sistema de saúde pública no Brasil.
Na década de 40, os proprietários de casas de saúde pressionavam o governo para interromper os planos de construção de hospitais públicos, exigindo doações e empréstimos a juros baixos para criação de grandes redes de clínicas de hospitais privados. E o estado, evidentemente, atendeu ao interesse privado destinando verbas oficiais que sustentavam inúmeros monopólios hospitalares (como no Maranhão em 1960, onde uma única família detinha oito hospitais obtidos com empréstimos federais).
Depois, o governo, mesmo com a implantação do SUS, não conseguiu assegurar melhores condições de vida à população, tampouco conseguiu universalizar o acesso à saúde gratuita e de qualidade, o que se tornou letra morta na Constituição Federal de 1988.
A saúde é uma mercadoria rentável, e diante da previsão de morte, milhares de trabalhadores pagam caríssimo para prorrogar um último suspiro. 
Em 1980, a indústria farmacêutica somava 379 sedes de laboratórios no país garantindo lucro de 79,3% na venda dos medicamentos, enquanto no exterior a média era de 65 sedes com lucro de 20,7%. Entre 1965 e 1975, pelo menos 25 companhias brasileiras foram compradas por grupos com sede nos Estados Unidos e na Europa.
Para ‘maquiar’ a situação, em 1971 o governo brasileiro criou a Central de Medicamentos (Ceme) para produzir remédios essenciais à população, embora ciente de que seria impossível quebrar o domínio do mercado pelos grandes grupos farmacêuticos multinacionais. A produção de drogas para assegurar o lucro exorbitante, já em 1976, contava com cerca de cinco mil remédios considerados supérfluos, e os preços subiam sem qualquer controle estatal.
O Estado burguês não consegue ‘domar’ o monstro que criou
 A incapacidade histórica do sistema capitalista em garantir saúde pública, gratuita e de qualidade para todos os brasileiros, impõe que a classe trabalhadora deva entrar em cena para acabar com este sistema pela via revolucionária.
O racismo que rejeita profissionais cubanos por retratarem a aparência de milhares de trabalhadores negros, revela sua face capitalista. Afinal, não é somente a cor da pele dos médicos cubanos que incomoda os capitalistas. É a medicina preventiva que o Estado brasileiro abandonou para que as indústrias farmacêuticas lucrem exaustivamente; é a intocável formação acadêmica elitizada que afunila para que filhos de trabalhadores e 'empregadas domésticas' tomem outros rumos; é a medicina fragmentada que atende à iniciativa privada e sustenta o corporativismo de grupos que representam a classe dominante. É o que acontece quando a saúde vira mercadoria. A xenofobia da burguesia é contra o socialismo e a tudo o que é mais humano e agora se revela na repulsa aos médicos cubanos que tentarão remediar e saúde brasileira ‘escravizada’ pelo cruel capitalismo, é certo. A cura para a saúde pública no Brasil não virá através de ‘programas’ governamentais que não imponham qualquer risco às verdadeiras estruturas, pois as raízes de todas as mazelas estão sustentadas no capitalismo.
*Vera é da Coordenação Nacional do Movimento Negro Socialista

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Semana Acadêmica de Estudos de Língua Inglesa acontece na UFAC.

A semana visa discutir o papel do ensino de língua inglesa no contexto amazônida em particular na região ocidental com a proximidade da fronteira do Brasil com países como Peru e Bolívia de língua espanhola. Quais são os desafios do professor de língua inglesa diante desse contexto? São questões como esta que o evento pretende abordar e discutir com professores, estudantes e a comunidade em geral.


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Martinho da Vila e o Samba do Trabalhador

Vamos trabalhar minha gente!

Na segunda-feira não vou trabalhar
Na terça não vou pra poder descansar
Na quarta preciso me recuperar
Na quinta acordo meio-dia não dá (ê ê ê ah)
Na sexta viajo pra veranear (ê ê ê ah)
No sábado vou pra Mangueira sambar (ê ê ê ah)
Domingo é descanso, não vou mesmo lá (ê ê ê ah)

Mas todo fim de mês eu chego devagar (ê ê ê ah)
Por que é pagamento e eu não posso faltar
E quando chega o fim do ano, vou minhas férias buscar
E quero décimo terceiro pro natal incrementar

Mas na segunda-feira não vou trabalhar(ê ê ê ah)
Na terça não vou pra poder descansar(ê ê ê ah)
Na quarta preciso me recuperar(ê ê ê ah)
Na quinta acordo meio-dia não dá (ê ê ê ah)
Na sexta viajo pra veranear (ê ê ê ah)
No sábado vou pra Mangueira sambar (ê ê ê ah)
Domingo é descanso, não vou mesmo lá (ê ê ê ah)

Mas todo fim de mês eu chego devagar (ê ê ê ah)
Por que é pagamento e eu não posso faltar
E quando chega o fim do ano, vou minhas férias buscar
E quero décimo terceiro pro natal incrementar
Mas na segunda-feira não vou trabalhar(ê ê ê ah)

Eu não sei por que é que eu tenho que trabalhar,
Se tem gente ganhando de papo pro ar
Eu não vou, eu não vou, eu não vou trabalhar
Eu só vou, eu só vou se o salário aumentar (ê ê ê ah)

A minha formação não é de marajá
Minha mãe me ensinou a colher e plantar
Eu não vou, eu não vou, eu não vou trabalhar
Eu só vou, eu só vou se o salário aumentar

Tô cansado...

Grande Martinho da Vila  se mantém atual em uma época em que o trabalhador é chamado de colaborador e assim se tornou um "escravo feliz". De uma forma genial e muito bem humorada, o compositor nos traz a possibilidade de refletir sobre trabalho e exploração. Engana-se quem pensa que a canção fala de ócio e preguiça. Vejo aqui um questionamento muito bem elaborado. Parabéns ao Martinho da Vila.

Link: http://www.youtube.com/watch?v=QnaL1wF9XsM

terça-feira, 30 de julho de 2013

CURSOS ONLINE:Comunicação Inttercultural

Divulgo aqui dois cursos on-line do Prof. Dr. José Paulo de Araújo (veja aqui o Lattes) divulgados pela ALAB que já estão disponíveis no site Avatares Antenados. São cursos de curta duração com foco na construção de conceitos sobre os temas em destaque. Os cursos são descritos abaixo,e os títulos são hiperlinks para o site, onde se podem encontrar informações mais detalhadas.

Comunicação Intercultural

No mundo globalizado, pessoas de diferentes culturas estão em contato seja porque viajam em férias, a trabalho ou estudo. Esse contato evidencia as diferenças entre as culturas, diferenças que podem trazer consequências desagradáveis para quem ignora as crenças e atitudes que moldam o comportamento alheio. Será por conta dessas crenças e atitudes que os alemães e japoneses são considerados trabalhadores dedicados? Por que os italianos e os brasileiros  são tão apegados às suas famílias  enquanto os americanos são mais independentes? De onde vem o tal jeitinho brasileiro? O que isso tudo tem a ver com cultura, afinal? Ao concluir este curso, você saberá as respostas.
Ênfase: Assimilação de conceitos (Conhecer).
Objetivo: Ao concluir este curso, você será capaz de:
·  entender o conceito de cultura e sua influência na comunicação;
· identificar as diferentes crenças e atitudes que influenciam o comportamentos das culturas;
·  reconhecer e evitar os riscos de gafe nos contatos interculturais.
Duração: 2,5 horas a 3 horas de estudo
Autor: Prof. Dr. José Paulo de Araújo
 
Os usuários da Internet e das tecnologias de comunicação móvel no Brasil são predominantemente  jovens, na faixa entre 18 e 34 anos de idade. Esses jovens passam mais de 27 horas on-line por mês, seja jogando, publicando vídeos no YouTube ou relacionando-se com seus amigos em plataformas sociais como o Facebook e o Twitter. Seriam esses jovens alienados? Estariam eles à busca apenas de diversão? Quem são esses jovens? O que os distingue de seus pais e avós? Este curso ajudará você a responder essas e outras perguntas.
Ênfase: Assimilação de conceitos (Conhecer).
Objetivo: Ao concluir este curso, você será capaz de:
·   identificar a autoria do conceito Geração Net;
· identificar as origens históricas do coletivo social e cultural representado por esse conceito;
· reconhecer as características comportamentais desse coletivo social.
Duração: 2,5 horas a 3 horas de estudo
Autor: Prof. Dr. José Paulo de Araújo

segunda-feira, 29 de julho de 2013

III SISEL ACONTECE EM CASTANHAL-PARÁ


Nos dias 17, 18 e 19 de outubro de 2013 será realizado o III SISEL – Seminário: Interação e Subjetividade no Ensino de Línguas, com o tema “faz diferença ser autor da aula que ministro?”. O evento acontecerá na Universidade Federal do Pará – Campus Universitário de Castanhal, e tem como público alvo alunos de Letras e áreas afins, professores da Educação Básica e da Universidade.
Podem-se inscrever trabalhos sobre qualquer aspecto relacionado ao ensino de línguas (materna ou estrangeiras).
As inscrições estão abertas até 31 de agosto para apresentadores de trabalhos, e a taxa de inscrição é de R$ 40,00. Para ouvintes, a taxa é de R$ 30,00.
Para mais informações, acesse www.3sisel.blogspot.com.br, ou escreva para 3sisel@gmail.com