sexta-feira, 31 de agosto de 2012

UFPA MARABÁ - II SEMINÁRIO FLORESTAN FERNANDES EN BUSCA DO SOCIALISMO.

No dia 31 de agosto, aconteceu o II SEMINÁRIO FLORESTAN FERNANDES EM BUSCA DO SOCIALISMO no campus I da UFPA em Marabá. O seminário foi organizado pelo MOVIMENTO DEBATE & AÇÃO e pelo MST (Movimeto dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
Pela manhã duas mesas de debates sobre a obra e a importancia do sociologo para as Ciencias Sociais no Brasil, sua influencia na sociedade brasileira através de suas idéias e militancia política contemporanea brasileira.
Abaixo algumas fotos do evento:
Prof. Celia Congilio debate o trabalho de Florestan
 Prof. Rigler falou sobre a conjuntura atual, sobre as relaçoes de trabalho e a greve dos servidores
Mercedes, liderança do MST, apresentou Florestan Fernandes como uma proposta de um novo paradigma social, uma sociedade independente do Estado.
À noite, música ao vivo com um tributo a Raul Seixas. Toca Raul!!!
Banda Lady Murphy marcou presença tocando sucessos do maluco beleza.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ATO DOS SERVIDORES EM GREVE - MARABÁ/PA.


    Na manhã desta quarta-feira, servidores da UFPA, FUNAI e INCRA em greve realizaram um ato público como parte da mobilização da GREVE DOS SERVIDORES FEDERAIS que já completa 112 dias.
 A intransigência do governo Dilma em não atender os trabalhadores é absurda. O governo só sinaliza positivamente para os banqueiros, empreiteiras e o capital privado. Os trabalhadores, verdadeiros responsáveis pela realização de um serviço público de qualidade são descaradamente ignorados pelo governo e criminalizados por uma mídia televisiva irresponsável que divide os trabalhadores e coloca o restante da opinião pública contra os servidores que lutam por dias melhores no trabalho e nas suas condições de vida.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Na greve, seguimos.

A greve tem colocado em movimento não só a histórica luta por uma educação de qualidade, mas essencialmente a formação política e o diálogo com a sociedade sobre os processos educativos
14/08/2012
Roberta Traspadini

Estamos prestes a completar três meses de greve na maior parte das universidades públicas brasileiras. Para quem acreditava que esta categoria estava “morta em vida”, paralisada no seu produtivismo individual e mercantil, eis um bom exemplo da aparência fraudadora da essência política.
A greve tem colocado em movimento não só a histórica luta por uma educação de qualidade, mas essencialmente a necessidade de formação política e o diálogo com a sociedade sobre os processos educativos, para além do plano reivindicativo.
Reivindicar melhorias de condições de trabalho implica uma relação direta de respeito e adesão à luta dos técnicos administrativos e alunos. Isto exige debater, com profundidade política e acadêmica, sobre a educação que não teremos, caso não nos movimentemos juntos, contra as atuais políticas de desenvolvimento projetadas para o nosso País.
Algumas das características chaves que nos colocam em greve, como categoria, são: salas de aula lotadas; carga horaria de trabalho em sala de aula excessiva; produtivismo exacerbado, sendo números e formulários a única forma padrão de ser acadêmico de referência CAPES; hierarquização quantitativa do plano de carreira com perdas expressivas para as novas gerações de professores públicos federais – tanto do ensino médio como universitário; hospitais e restaurantes universitários terceirizados e sucateados; ausência de moradia estudantil; salários incompatíveis com o sentido de dedicação exclusiva, se retiradas as gratificações; hierarquização da remuneração pelos títulos e não pelo saber e pela história de dedicação à educação pública de qualidade.
Para os que vivemos o ambiente universitário atual e lutamos para que ele seja mais democrático, participativo e popular, a luta pela educação pública como direito social e dever do Estado, nos exige pensar duas coisas básicas:
1) o processo histórico de degradação da carreira e do sentido de se optar politicamente por ser professor/professora e de se fazer a opção pela educação pública, frente aos ditamos da lógica privada geral, no atual modelo de desenvolvimento dependente brasileiro;
2) o processo de debate com a sociedade sobre os modelos de desenvolvimento e a forma de se tratar as questões chaves manifestas pelos projetos em disputa tanto na educação, quanto na saúde, na questão agrária, entre outras.
Os aspectos positivos da greve estão relacionados ao convívio politizador das e entre as categorias, tanto no interior das universidades, como na relação com a sociedade e demais categorias em greve.
A greve nos abriu uma possibilidade na construção político-educativa: a de nos reconhecermos, como educadores, por opção política. Foi o reforço de nossa re-ação como protagonistas do processo que desejamos construir, a partir da luta que realizamos contra aqueles que prestam um desserviço à Nação, ordenados e orquestrados pelo capital, contra o trabalho, tanto na produção do conhecimento, quanto na produção de mercadorias atreladas a ele.
O saldo positivo da greve não está no êxito das conquistas nas negociações com o Governo, que desde o início se mostrou intransigente na sua lógica de não se dispor a efetivar um processo compatível com o que reivindicamos, no que tange à garantia da qualidade do trabalho do servidor público federal.
Parte do saldo positivo da greve está no movimento coletivo que se abre, a partir dela, mas vai além. A capacidade de romper com a lógica sistêmica e instituir uma construção coletiva em que os saberes se juntem na multiplicidade dos fazeres coletivos no interior da universidade e para grande parte da sociedade.
É assim como a luta pelos 10% para a educação, pautada por várias categorias, vai sendo assumida, como disputa pelo orçamento previsto e executado com supremacia pelo capital, na atual política educacional do Governo brasileiro.
Uma nova juventude está em movimento em todo o Brasil. Este grupo assumirá a batuta da educação superior nos próximos 15 anos, como educando e educador. E já começou o exercício coletivo de formação política, na luta, sobre o que se tem e o que fazer para efetivar o que se quer.
O que está em xeque é o modelo de desenvolvimento brasileiro. A questão da educação, aberta pelas várias greves, se soma à questão agrária, à questão do trabalho, à questão da saúde, enfim, o projeto de desenvolvimento que temos, não queremos e gritamos, com eco coletivo, o que necessitamos realizar juntos, dentro e fora da ordem.

Roberta Traspadini é economista, educadora popular e integrante da Consulta Popular/ ES.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Para onde vão as nossas universidades?!

 
Ricardo Antunes*
Publicado em 6 de agosto de 2012 às 10:35
O ProUni fortaleceu faculdades de fachada. Já as federais, agora produtivistas, não têm nem prédios. Mas vozes privatistas, “de mercado”, criticam a greve.
A expansão do ensino superior durante os governos Lula e Dilma foi quantitativamente ampla, tanto para as universidades públicas quanto para as privadas.
O primeiro grupo vivenciou uma expansão dos campi muito significativa, através da profusão de cursos – muitos dos quais, entretanto, pautados pela razão instrumental, de qualidade duvidosa e em sintonia com a era da flexibilidade.
O segundo grupo viu o governo do PT mostrar também um lado generoso em relação aos mercados. Faculdades em sua grande maioria de fachada, autodefinidas como “instituições do ensino superior”, carentes de rigor científico mínimo em sua docência e pesquisa (esta, salvo raras exceções, inexiste neste ramo empresarial), tiveram seus cofres inflados com o ProUni.
Já que os pobres são tolhidos em larga escala das universidades públicas -uma vez que frequentam o ensino fundamental em escolas públicas, que se encontram destroçadas-, o governo Lula encontrou uma saída bárbara: reuniu-os nos espaços privados do ProUni.
De outra parte, deu-se positivamente a ampliação das universidades públicas, através da expansão dos cursos nas instituições federais e da contratação significativa de docentes. Mas o governo o fez deslanchando o Reuni, programa de expansão das universidades federais.
Constrangidos pelo produtivismo (anti)acadêmico e calibrados pela competição, há precarização de condições de trabalho. Os salários são baixos. A carreira, mal estruturada.
Mas o governo não contava que essa ampliação quantitativa tivesse fortes consequências qualitativas: a nova geração de jovens professores, doutores em sua grande maioria, parece não aceitar sem questionamentos esse lado perverso do Reuni, que quer assemelhar universidades públicas àquelas onde viceja o ProUni.
Dando aulas muitas vezes em galpões, sem salas de professores (quando há, sem condições de pesquisar), os docentes, cujos adoecimentos e padecimentos, para não falar de mortes, não param de se ampliar, decretaram uma ampla e massiva greve nas federais.
Querem melhores salários, condições de trabalho dignas e carreira efetivamente estruturada.
Os conservadores dizem, tentando mascarar o desejo pela completa privatização, que a greve dos docentes públicos é uma forma de “receber sem trabalhar”. “Esquecem” algo elementar: qual docente, no juízo razoável de suas faculdades, quer arrebentar seu calendário e repor aulas quando deveria estar em férias?
Só mesmo as vozes conservadoras podem identificar uma greve, com suas atividades, assembleias, debates, desgastes, riscos e tensões, como “descanso remunerado”, argumento histórico das direitas derrotado pela Constituição de 1988.
Para muitas dessas vozes, a pesquisa e a reflexão livres incomodam. Elas gostariam de privatizar as federais, convertendo-as ou em universidades profissionalizantes ou, ao menos parte delas, em “universidades corporativas”, uma flagrante contradição, pois universalidade não rima com corporação.
Há um segundo ponto importante: muitos alegam que é preciso investir no ensino básico, o que os leva a recusar o apoio à universidade pública. Mas alguém seriamente acredita que aqueles que querem destroçar a universidade pública querem, de fato, um ensino básico público, laico e de qualidade?
*É professor titular de sociologia na Unicamp e autor de “O Continente do Labor” (Boitempo).
Fonte: Vi o mundo