segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Divulgo aqui o texto de Frei Betto sobre o natal.


Frei Betto

Conta a Bíblia que sobre a cidade de Belém da Judeia reluziu uma estrela ao nascer Jesus. Provenientes da Babilônia, os reis astrólogos, também conhecidos por magos, orientaram-se por ela até chegarem à manjedoura, junto à qual adoraram o Menino.
  
O rei Herodes, que governava a Palestina, viu na estrela um mal presságio. Já que o seu poder não tinha forças para apagar a estrela no céu, ordenou que o Messias fosse eliminado da face da Terra.
  
O Natal é uma festa paradigmática. Seus símbolos, aparentemente infantis, são psicologicamente profundos. Viver é uma experiência natalina. A diferença é que, em torno de 25 de dezembro, três fatores se somam: o caráter religioso da festa, que impregna a boca da alma de estranho sabor de nostalgia; a fissura papainoélica do consumismo e dos presentes compulsórios; e a proximidade da virada do ano.
  
Enquanto a compulsiva comercialização da data condena-nos à ressaca espiritual, o caráter religioso da festa deixa-nos com saudades de Deus, e a chegada do Ano-Novo reforça nosso propósito de melhorar de vida. Daí o sentimento conflitivo de quem gostaria de acordar na manhã de 25 e encontrar, nos sapatos, um símbolo de afeto, o afago à criança que dorme dentro de nós, mas sabe que, no império do mercado, a idade adulta é inimiga da infância.
  
“Ora, direis ouvir estrelas!”, canta o poeta. Sim, temos olhos e ouvidos para os signos que expressam o novo. Na vida, nossos passos são conduzidos por estrelas, sonhos e ambições que simbolizam a fonte da felicidade. Nunca estamos satisfeitos com o que somos ou temos. Feitos de matéria transcendente, trafegamos no labirinto da existência seduzidos pelo absurdo, mas famintos de Absoluto.
  
Para os antigos, a imagem da utopia era um jardim repleto de fontes, flores e frutos. Para a Bíblia, o Jardim do Éden, que em hebraico significa “lugar de delícias”, lá onde se suprime o limite entre o natural e o sobrenatural, o humano e o divino, o efêmero e o eterno.
  
Hoje, nosso mal-estar advém desse horizonte estreito em que miramos estrelas cadentes. Raras as ascendentes. Iniciamos o século e o milênio como aprendizes de deuses, capazes de engendrar vida em provetas e possuir olhos eletrônicos que penetram a intimidade da matéria e do Universo, sem, no entanto, erradicar a fome, a desigualdade e a injustiça.
  
Somos órfãos da esperança. Quase tudo está ao alcance do poder do dinheiro, exceto o que mais carecemos: um sentido para a vida. Tateamos, sonâmbulos, nessa interminável noite de insônia. Calam-se as filosofias, confinadas aos limites da linguagem; desaparecem as utopias, travestidas no mesquinho desejo de poder e posse de refinados objetos; enquanto as religiões cedem às exigências do mercado e oferecem o lúdico a quem busca luz, sem abrir as portas que nos conduzam à inefável experiência de Deus.
  
“E agora, José?” Agora, é mudar o Natal e  nós próprios. Evitar o Papai Noel consumista em cores de Coca-Cola e procurar o brilho da estrela em nossas inquietações mais profundas. Descobrir a presença do Menino em nosso coração. E, como sugeriu Jesus a Nicodemos, ousar renascer em gestos de carinho e justiça, solidariedade e alegria.

Em vez de dar presentes, fazer-se presente lá onde reina a ausência: de afeto, saúde, liberdade, direitos. Dobrar os joelhos junto à manjedoura que abriga tantos excluídos, imagens vivas do Menino de Belém.
 
Feliz Natal, Brasil! Queira Deus que o Herodes que nos habita ceda lugar aos magos que acreditam na estrela e oferecem ao milagre da vida o melhor de si.

Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Voce conhece seus direitos e deveres dentro da universidade?

Por Luiz Fernando Roscoche,  Taiane de Cássia e Vandinei S. Nascimento
Parte dos alunos da instituição tem pouco conhecimento sobre os seus direitos e deveres na universidade. Com o objetivo de proporcionar maiores informações foram realizadas algumas perguntas aos acadêmicos sobre suas dúvidas em relação aos tramites na universidade.
Trabalho de Conclusão de Curso
Muitos acadêmicos se questionam se é possível que o seu trabalho de conclusão de curso (TCC) poderia ser orientado por outro professor externo a sua faculdade. Segundo o vice coordenador da UFPA Campus Altamira, prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães de Oliveira “caso o aluno queira ser orientado para o seu TCC por outro professor que não seja da instituição, o aluno deve procurar sua faculdade para que possa ser enviado um documento ou o convite para a orientação”.  
O regulamento do ensino de graduação no Art. 95. estabelece que o TCC será orientado por docente da UFPA “devidamente credenciado pelo Conselho da Faculdade ou Escola e vinculado à área temática do trabalho, indicado, sempre que possível, pelo próprio discente”. (Resolução n. 3.633 / CONSEPE, de 18.02.2008 – Anexo 21). Ainda segundo o documento (paragrafo único), “A  critério do Conselho da Faculdade ou Escola, poderá ser aceita orientação do TCC por profissional externo à instituição, desde que seja co-orientado por docente vinculado ao curso”.
Transferência para outra instituição
Segundo o prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães de Oliveira, “as formas para o aluno efetivar sua transferência de curso, é fazendo a Mobilidade Acadêmica Externa (Mobex) e Mobilidade Interna (Mobin) ou em casos diferenciados de urgência, como óbito de algum membro da família”.
Já segundo o regimento geral da UFPA, no seu artigo 119, diz que será admitida a transferência entre Campi, “independentemente de vaga, a discente da UFPA sujeito a mudança de domicílio decorrente de assunção sua, de seu cônjuge, companheiro (a) ou de seu responsável legal a cargo eletivo estadual ou municipal”.
O regulamento do ensino de graduação, em seu artigo 74 considera que “no caso de transferência de discente para curso similar, cuja estrutura curricular seja diferente do seu curso de origem, cabe à subunidade acadêmica efetuar a análise comparativa dos currículos para fins de aproveitamento de estudos.” O mesmo documento em seu artigo 75 estabelece que caberá ao órgão central de registro acadêmico a codificação diferenciada de cursos similares oferecidos por diferentes unidades acadêmicas desta Universidade.
Programa da disciplina
Outro direito do aluno e um dever do professor é que este último deve apresentar e discutir no primeiro dia de aula o programa da atividade curricular e o respectivo plano de ensino (art. 102 inciso 3º).
Sobre as avaliações
Segundo o artigo 110 do Regimento de Graduação, cabe ao professor  apresentar à sua turma, no início do período letivo, os critérios de avaliação da aprendizagem conforme o plano de ensino e discutir os resultados de cada avaliação parcial com a turma, garantindo que esse procedimento se dê antes da próxima verificação da aprendizagem. Cabe ainda ao docente fazer o registro eletrônico do conceito final, de acordo com as orientações do órgão central de registro acadêmico, no prazo máximo de 10 (dez) dias a contar do encerramento do período letivo.
No artigo 180 do regimento geral da UFPA estabelece que trabalhos e provas devem ser devolvidos aos alunos depois que os professores lançarem os conceitos. O inciso 1° do artigo 180 diz ainda que o aluno terá três (3) dias úteis para recorrer do resultado da avaliação, devendo para tal apresentar, quando couber, o trabalho escolar avaliado.
Os alunos que faltarem no dia de houver aplicação de provas somente terá direito de solicitar uma avaliação de segunda chamada (segundo o artigo 115 do regime de graduação) quando houver algum impedimento legal, por motivos de doença atestada por serviço médico de saúde ou motivo de força maior, devidamente comprovado. Para requerer uma avaliação de segunda chamada o aluno deve requerer por escrito à direção da subunidade acadêmica em até setenta e duas horas úteis após a realização da primeira chamada.
Sobre as faltas
Segundo o inciso 2º do artigo 109 do Regimento de Graduação, o docente responsável pela atividade curricular é o responsável pelo controle da frequência às aulas sob a supervisão da direção/coordenação da subunidade acadêmica.
Segundo o Regimento Geral da UFPA, artigo 179, o aluno será aprovado na disciplina ou atividade quando obtiver o conceito REG, BOM ou EXC e pelo menos setenta e cinco por cento (75%) de frequência nas atividades programadas. Ou seja, obtendo um índice de comparecimento inferior a 75%, o aluno será reprovado por falta.
Esteja informado(a)!
A UFPA disponibiliza um guia de orientações para os calouros contendo as informações básicas para que o aluno conheça o funcionamento da instituição. Além desse guia os acadêmicos podem consultar:
o Estatuto da UFPA no endereço: http://www.portal.ufpa.br/docsege/ESTATUTO.pdf e  o Regulamento de Graduação: acessando http://www.proeg.ufpa.br/view/inicio/
É essencial o aluno manter-se informado sobre a organização da instituição seja buscando informações junto a secretaria do Campus ou no site da instituição http://www.portal.ufpa.br/.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Nossa linda juventude e seu jeito aparelhagem de ser.


                                                            Este trabalho deve ser intensificado


Essa é a juventude paraense. Resultado de anos de uma boa educação, de um ensino escolar de qualidade e uma vida com dignidade. É isso mesmo! Quando o povo tem boa estrutura familiar, acesso a informação e boa escola, não poderia ser diferente. É assim todo fim de semana. Saimos pra nos divertir ao som do Mega Hiper Todo Poderoso cheio de adjetivos Super Pop; ou acompanhamos as carretinhas turbinadas que se espalham pela cidade de Marabá. E assim vai a vida: com a certeza de que a nossa sociedade avança cada vez mais com muito orgulho de ter uma juventude madura que sabe o que quer, consciente do momento social em que está inserida em pleno gozo de suas habilidades intelectuais expressadas com toda (super potente) força no som e nas letras das músicas de nossas tão queridas e “consideradas” aparelhagens tecno-melody-pop sertanejas. Não podíamos estar passando por um momento melhor na produção artística local, momento esse desfrutado por todas as classes sociais, pois as aparelhagens sonoras com seus artistas e seu trabalho musical de primeira podem ser escutados tanto  num barraco na periferia quanto dentro dos carros e pick ups importadas que passeiam pelas nossas ruas. É a democratização do gosto popular sendo reconhecido pela sociedade como um todo sem preconceitos. Um outro ponto muito importante de se ressaltar é a segurança nas festas de aparelhagem, sempre impecável. Sequestro relâmpago?! Nada disso, isso jamais ocorre em uma festa popular e tranquila. Tráfico de drogas?! De jeito nenhum, nossos DJs jamais se envolvem nesse tipo de crime. Poluição sonora e ambiental? Nada disso, a SEMA (Secretaria de Meio Ambiente) tem marcado presença em 100% das festas fazendo com que a lei seja cumprida e que o direito ao sossego e ao descanso também sejam garantidos a todos os trabalhadores e pais de família de nossa querida Marabá.
Na região sudeste paraense, onde a lindíssima música pop enlatada sertaneja tem lugar de destaque com seus cowboys de boutique, o tecnomelody e suas festas de aparelhagem ganham espaço tão grande quanto o do vaqueiro de carro tunado. Mas, independentemente do estilo musical o que prevalece é o nosso jeito "aparelhagem de ser". Dentro de casa, do ônibus, no trabalho, nos volumes dos celulares, nos carros e nas mega-hiper super poderosas mais que estúpidas pick-ups, temos orgulho pra dar e vender de um hábito violentamente cultural de escutar música no mais alto dos volumes. Graças a Deus, nossas igrejas também já embarcaram nesse hábito salutar e divinamente sonoro e salvador. Vivemos em uma cultura super hiper mega democrática que ultrapassa a necessidade de diálogo, até porque isso seria impossível com o volume no máximo. Onde quer que haja uma caixa de som, o que não é muito difícil de se encontrar na terra do tecnobrega, haverá um tecnomelody ou pop sertanejo tocando. É de dar orgulho, não é mesmo?!
            As festas com aparelhagem e a cultura da música alta estão em toda a parte contribuindo cada vez mais para a tão sonhada paz e a queda nos índices de violência urbana, pois afinal de contas, o alto consumo de álcool, sexo a qualquer custo, de qualquer jeito e drogas ilícitas usadas pelos jovens são a prova da alegria e felicidade de uma juventude cheia de perspectivas e sucesso na vida. Tudo isso pode ser comprovado nas páginas policiais dos jornais diariamente.
Esse é o Pará, música de qualidade, povo consciente de seu papel, jovens cada vez mais maduros para a vida em todas as camadas sociais. Nosso mega, super, poderoso, considerado e potente futuro esta aí. Mal posso esperar pra escutar de novo as meninas cantando que querem dar o seu “charque”, seu “cozido”, sua “periquita”, ou ainda perguntando “cadê o corno?”. É realmente de dar inveja a nossa cultura da música alta. Graças a esse quadro, o estado do Pará é sempre visto como uma grande referência, sendo aclamado em todo o país através de programas de TV e telenovelas sem nenhum preconceito. O volume e a potência de nossas aparelhagens sonoras refletem o nosso nível cultural e intelectual, o que reforça a nossa autoestima, o nosso orgulho de ser paraense e fazer parte de uma comunidade que só tende a crescer como exemplo a todos no Brasil e no mundo. Quem não gostaria de tirar uma foto com nossos DJs e cantores, ou melhor ainda, aparecer no mais recente de seus DVDs? Não é mesmo o máximo? Finalmente, parabéns a todos os DJs e donos de aparelhagens pelo ótimo trabalho que vêm realizando junto à sociedade aliando entretenimento de qualidade com conhecimento para todos. Vocês são demais, vocês são super, são poderosos, mega, hiper considerados! Sem vocês, não sei o que seria de nossos jovens tão carentes de referências e um horizonte para buscar ou um volume pra aumentar. As famílias estão muito mais tranquilas (só não conseguem dormir) sabendo que seus filhos participam de eventos sonoramente tão importantes para o futuro de todos. Um super potente e sonoro obrigado.
Jairo Souza,

sábado, 27 de outubro de 2012

Sem Terrinhas, as crianças do MST .

Encontro Estadual Sem Terrinhas no Ceará. Veja as fotos.
http://www.flickr.com//photos/88707492@N05/sets/72157631783574754/show/

Ser indígena no Brasil - Texto do Blog Almoço das Horas.

A recente divulgação da carta que uma comunidade indígena Guarani-Kaiowá de Dourados (MS) enviou à Justiça Federal pedindo que, uma vez que não lhes é permitido viver da forma que consideram digna, seja logo decretada a morte de toda a comunidade, por cruel que pareça, não deveria causar espanto. Condenados à morte, sejamos sinceros, os índios brasileiros estão há mais de 500 anos, mas a execução da sentença é lenta, torturante e cínica.
O que espanta, desta vez, é que os próprios Guarani-Kaiowá tenham pedido ao seu inimigo mais ou menos declarado – esta coisa que insistimos em tratar como “civilização” – que seja mais sincero. Sim, mais sincero e diga claramente que o índio não interessa, não se encaixa no modo de vida a que todos, sem privilégios (ouçam o eco iluminista...), estamos condenados.
Aprendemos com Marx que o capital libertou o trabalhador da escravidão à força, típica de formações econômicas pré-capitalistas, para submetê-lo a uma forma diversa de escravidão: o trabalho assalariado, a compra e venda da força de trabalho. (Sim, ainda há trabalho escravo – e ele não é incompatível com o capitalismo. Apenas não pode ser a regra, porque a valorização do capital depende de sua circulação também na forma de salário, o que não impede que um ou outro capitalista faça uso da extração violenta da força de trabalho.)
O trabalho como mercadoria é – em regra, insisto – o único compatível com uma sociedade em que tudo é mercadoria, em que o acesso aos bens indispensáveis à existência passa inescapavelmente pelo mercado: pagou, tem; não pagou, não tem. Ponto final. É óbvio, neste esquema rigoroso de trocas, que não se tolere qualquer exceção à lógica mercantil. Em outras palavras, o que o capitalismo não tolera é a manutenção, em seu mundo, do que não é mercadoria e, ainda por cima, impede o livre desenvolvimento de suas forças.
O que são, afinal, os índios para a ordem capitalista? Um ônus, um entrave, uma aberração, mas que, por não ser conveniente à “civilização” assim declará-los, recebem da nossa Constituição instrumentos para sua proteção que são constantemente “desmoralizados” (e é inevitável usar aqui esta palavra porque a proteção aos índios assume exatamente uma feição moral na ordem jurídica, ao mostrar como somos gratos e responsáveis com nossas, digamos, “origens”), como na decisão da Justiça Federal que exterminou, por enquanto, a paciência dos índios e sua esperança de viver no espaço que a “civilização” reservou àqueles que a antecederam. E sobreviveram à sua afirmação.
A carta à Justiça Federal não deixa dúvida: os Guarani-Kaiowá cansaram de reivindicar o direito de sobreviver como índios e não aceitam viver senão como índios. Não aceitam migrar para o regime do trabalho precário (prestado, no geral, a quem tomou suas terras) ou da mendicância às margens do exuberante mundo das mercadorias. O “bilhete suicida” que essa comunidade manda para nós, não o tomem como chantagem, “drama” etc. É um “basta”, um “chega”, mas principalmente uma prova de que os índios, com sua habitual sabedoria, entenderam melhor do capitalismo e de sua “civilização” do que nós, que nele estamos afundados até o pescoço – e um pouco mais.
Não só sua própria existência, mas a forma como os índios insistem em mantê-la é uma grande afronta ao capital e sua lógica. Vejam o que diz a carta: “Nós comunidades cultivamos o solo, produzimos a alimentação aqui mesmo, plantamos mandioca, milho, batata-doce, banana, mamão, feijão e criamos de animais domésticos, como galinhas e patos. Aqui agora não passamos fome mais. As nossas crianças e adolescentes são bem alimentadas e felizes, não estão pensando em prática de suicídio. Assim, há uma década, nesses 12 hectares estamos tentando sobreviver de formas saudáveis e felizes, resgatando o nosso modo de ser e viver Guarani-Kaiowá, toda a noite participando de nosso ritual religioso jeroky e guachire”. Como assim alimentadas, saudáveis e felizes? Sem ter pago por isso? Este intercâmbio do homem com seus iguais e com a natureza orientado apenas e tão-somente por suas necessidades – do espírito e do estômago – é inadmissível para o capital. Mais ainda: é sobre sua negação que se constituiu a forma como vivemos nos últimos 3 ou 4 séculos.
Os índios, neste contexto, são não apenas supérfluos, mas uma espécie de mau exemplo a ser apagado do horizonte de formas de “ser e viver” à venda – sim, à venda – em nosso tempo. O que será de uma sociedade “sem alternativas” se tolerar uma forma de vida que se nega à troca, ao dinheiro, à concentração da riqueza, ao desperdício? Desta vez, a pedido dos próprios índios, a “civilização” terá oportunidade de declarar o que pensa a este respeito.
A propósito, a Constituição brasileira afirma que “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens” (art. 231).
Se nossas autoridades, que têm sua função justificada por essa mesma Constituição, não se preocuparem em respeitar tais palavras, será muito difícil evitar que se confirmem a tragédia da carta dos índios e o pessimismo das linhas acima. Mas também será cada vez mais difícil – creio e espero – manter os grupos oprimidos e suas reivindicações dentro de comportados limites legais.
*Tarso de Melo (1976) é advogado, mestre e doutor em Direito pela FDUSP, professor da FACAMP e coordenador de pós-graduação da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. É um dos coordenadores da coleção Direitos e Lutas Sociais (Dobra/Outras Expressões).
Fonte: Editora Expressão Popular

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Reurbanização ou Apartheid Urbano?

Ensaio para a disciplina Fundamentos das Ciencias Sociais do curso de Ciencias Socias da UFPA/Marabá.
 



"A cidade não pára, a cidade só cresce,
o de cima sobe e o de baixo desce"

Chico Science


O desejo de ter uma casa própria está no imaginário de boa parte da população brasileira, a ideia de possuir e usufruir de um espaço seu pelo resto de sua vida já se estabeleceu como parte essencial dos planos de milhares de brasileiros ao longo de nossa historia recente. O governo brasileiro lançou ao longo das últimas décadas vários programas de habitação, como o Minha Casa, Minha Vida, mais recentemente e vários outros que em tese deveriam ajudar na superação de um problema social grave de falta de planejamento urbano, de políticas publicas de habitação e saneamento básico, mas que nunca deram conta de superar um déficit habitacional histórico. A casa própria como realização de um sonho, continua para muitos, apenas um sonho, pois na vida real, moradia no Brasil já se tornou há muito tempo, um verdadeiro pesadelo. Em especial nas áreas urbanas e grandes centros, este útimo como o lugar pra onde milhares de brasileiros se direcionaram nas últimas décadas na busca de trabalho e sobrevivência, ou simplesmente de um lugar para viver.
O Estado brasileiro não tem sido capaz de avançar nesse campo sem promover o terror urbano, a perseguição aos moradores de favelas, executada friamente pela polícia com o aval do próprio Estado. Além disso, temos como consequência dessas ações, a estigmatização dos moradores de favelas, que em geral, são vistos como criminosos, sob olhares racistas dos mais diversos setores da sociedade.
A luta por espaço nas grandes cidades revela uma lógica perversa instaurada pela força do capital no Brasil desde o início do século XX e que ganhou impulso ainda maior com o avanço dos grandes projetos empreitados pelo governo militar a partir dos anos 60 e se perpetua até hoje através de grandes corporações bancárias mundiais e empreiteiras da área da construção civil.
Neste contexto, nos propomos a discutir a partir de um olhar crítico, as sucessivas e sistemáticas remoções de moradores de favelas na cidade de São Paulo, bem como os incêndios que vem ocorrendo na cidade nos últimos meses, o que se percebe como mais uma etapa do processo de expansão do capital engendrado por uma lógica perversa, criminosa e de um total descaso com a vida e dignidade humanas; e que ainda encontra respaldo legal e conivência do poder público, no que mais parece ser uma "higienização" do espaço urbano com o objetivo de "abrir caminho" para a especulação imobiliária voltada para a chamada reurbanização seguindo as regras do capital que se pauta também em um discurso de urgência em torno das expectativas de eventos esportivos internacionais como a Copa do Mundo de 2014. Nas palavras de Garnier,

 A chegada, aos bairros operários, de grupos sociais pertencentes às classes de maior pode aquisitivo é vista, com frequência, como uma invasão. Para a maior parte dos moradores afetados, essa mudança significa especulação financeira e imobiliária, o que acelera sua expulsão e substituição por cidadãos mais abastados. (GARNIER,2012)

Dentro desta lógica, o espaço denominado de favela representa uma espécie de entrave ao canteiro global de obras numa assimetria atroz que só pode ser interpretada como uma forma gritante de um conflito de classes pela ocupação dos espaços urbanos (HARVEY, 1990). Harvey também aponta que muito mais do que um conflito, há sim, o reforço de uma divisão de classes, um separatismo urbano, pois com o crescimento dos chamados setores de serviços, fomentados principalmente pela "terceirização" de  uma série de atividades comerciais, como por exemplo, a construção de shopping centers e condomínios residenciais em áreas de crescente urbanização; áreas consideradas também em crescente valorização pelo mercado imobiliário. Dessa forma, as favelas recebem assim sua "ordem de despejo" o que vai gradativamente sendo assimilado como um processo natural ou como parte de um movimento maior que é compreendido como necessário por grande parte da população cinicamente manipulada pelos meios de comunicação de grande alcance como a TV e os jornais. Tudo em nome de um suposto desenvolvimento e que agora se torna ainda mais perverso com o seu mais recente adjetivo: sustentável.
O fenômeno não é novidade e nem exclusividade de São Paulo ou de outras capitais brasileiras. Cidades como Paris, Pequim, Nova York, Istambul e outras mundo afora têm historias muito semelhantes e seguem dentro de um modelo de expansão do capital globalizante gerador de um habitat mais clean para os vips da sociedade. Enquanto isso, somente no ano de 2012, já foram registrados mais de 33 incêndios em favelas na cidade de São Paulo e o número já pode ter aumentado. Além do mais, ocorre de forma sistemática também, a remoção de famílias para outras áreas longe do centro comercial e das áreas com crescente valorização imobiliária. Geralmente, as remoções acontecem sob a promessa de uma relocação dessas populações para novas moradias, mas na prática são pouquíssimos os contemplados com algum tipo de indenização ou simplesmente a espera pelo "novo lar" supera em muito o tempo anunciado antes da remoção. É como se fosse preciso "maquear" a cidade para os grandes negócios e a melhor maneira é eliminar qualquer obstáculo; logo, se as remoções em massa não são suficientes, surgem também os incêndios para colaborar com o processo pois são sempre declarados como fatalidade ou acidente inexplicável. Os incêndios nas favelas de São Paulo já são objeto de investigações, o que muito provavelmente não vai dar em nada, se considerarmos a possibilidade de alguém realmente ter algum dia que pagar pelo crime.
Fatos como esses ocorrem em todo o país quase que diariamente. O caso mais conhecido recentemente foi a ação desastrosa e criminosa ocorrida em Pinheirinho, no município de São José dos Campos à 97km da capital paulista, em que a polícia com um mandato de reintegração de posse invadiu e atacou violentamente os moradores daquele local, expulsando-os à força e destruindo por completo suas casas e seus pertences. De acordo com notícia publicada no site EBC da TV Brasil no dia 29/09/2012, há uma CPI instaurada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar se os incêndios ocorridos nos últimos meses se confirmam ou não como criminosos. A Câmara, inclusive, já foi palco de protestos de moradores que ficaram na rua, perderam seus pertences, ou ainda mais grave, perderam filhos, amigos ou parentes em algum incêndio recente.
No caso das remoções em massa, estas são geralmente seguidas de tensões, confrontos, prisões e até mortes entre a polícia e moradores. A mídia televisiva tem tratado os incêndios como resultados do intenso calor que se abateu na cidade e/ou por causa das péssimas instalações elétricas que existem nas favelas, fazendo assim seu papel de colocar a situação como "fatos isolados" em uma tentativa de reforçar a ideia de que, mais cedo ou mais tarde, os incêndios acabariam acontecendo devido à falta de infraestrutura dos locais onde aquelas pessoas moram. Tudo isso "apazigua e camufla" uma triste realidade vivida por milhares de brasileiros mergulhados num verdadeiro "inferno urbano".
De acordo com pesquisadores do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (LabHab) e do Laboratório do Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), oito grandes intervenções em curso estão previstas para a cidade de São Paulo. O problema é que as remoções, as quais são parte da chamada reurbanização, não são realizadas dentro de um planejamento real de infraestrutura, saneamento básico, indenizações pela saída do local onde o morador habitava, ou ainda, uma real discussão do por que aquelas famílias devem ser removidas para outro local. Não há a construção de um diálogo claro ou participação efetiva dos moradores no processo. A vida humana fica relegada a um segundo ou terceiro plano porque "o mercado ou o poder do capital não podem esperar". Ainda nesse contexto, a Defensoria Pública da União e o Ministério Publico limitam-se aos cálculos dos impactos causados pelas remoções e/ou pelos incêndios, apontando claramente que seu posicionamento segue o discurso da reurbanização inevitável e urgente. Como resultado dessa política, o número de desabrigados ou sem-teto na capital paulista só tem aumentado a cada dia.
Em uma época em que alguns teóricos chegam a anunciar o "fim da história", a luta de classes se demonstra mais evidente do que nunca, exposta de forma perversa através de despejos, perseguições e assassinatos, que obedecem a uma lógica famigerada entendida e anunciada em forma de "ordem e progresso", quando, na verdade, estamos testemunhando um apartheid de classes diante dos nossos olhos. Em seu livro, "A Condição da Pós-modernidade", David Harvey enxerga o capital como um processo não uma coisa; e é exatamente esse processo que vivenciamos nas mais diversas áreas urbanas no Brasil e em diferentes parte do mundo. Nas palavras de Harvey,

Esse processo mascara e fetichiza, cresce através de uma destruição criativa, cria novos desejos e necessidades, explora as capacidades de trabalho humano e de desejo, transforma espaços, e acelera o ritmo de vida. Ele produz problemas de acumulação material para a qual há apenas um número limitado de possíveis soluções. (HARVEY, 1990, p.343) (Tradução minha)[1].

Vemos que esse processo vai se "naturalizando" como inevitável e é justamente pelo fato de que existe um débito histórico do Estado com a própria população é que se criam mecanismos como o discurso da reurbanização; discurso este que legitima a remoção de famílias das favelas, que são vistas como um entrave para o desenvolvimento e para o crescimento econômico local e global. No entanto, somente aqueles poucos que tiverem condições financeiras de se endividar pela vida inteira poderão adentrar ao mundo do apartheid urbano e se mudar para as cidadelas monitoradas por câmeras 24 horas. O mundo dos condomínios fechados (e muito bem fechados) com a garantia das empresas de segurança privada, que cada vez mais ganham espaço nas áreas residenciais e comerciais.
            A fragmentação e a compartimentação do espaço geográfico são características do momento histórico em que vivemos. De acordo com Santos (2011, p. 81), "com a globalização, todo e qualquer pedaço da superfície da Terra se torna funcional às necessidades, usos e apetites de Estados e empresas nesta fase da história", ou seja, nada está livre e nem deve estar de se adaptar a esse sistema que tudo empacota e transforma em produto para ser ofertado ao "deus" que nos acostumamos a chamar de mercado. O movimento que segue é o de apropriação e desapropriação, ocupação e desocupação se reproduzindo o avanço mercantilizado de uso dos espaços em um ritmo que não cessa e tende a acelerar-se cada vez mais enquanto houver espaços a serem explorados.
O capital avança em direção dos "espaços vazios" sem se preocupar com o dia de amanhã numa onda de emergência criada por ele mesmo onde a acumulação material se concentra cada vez mais nas mãos de poucos e a maior parte dos grupos humanos se vê cada vez mais alijada de participar efetivamente desse processo.
A problemática da moradia em São Paulo é também um retrato de um país que há muito está em débito consigo mesmo, fruto de um Estado falido, incapaz de trabalhar de forma mais justa a coletividade. Lugar onde se prega o sustentável mas se aplica justamente práticas contrárias ao mesmo princípio. Como resultado, temos mais violência, o aprofundamento da competitividade na luta por espaços, o empobrecimento das massas, mais injustiça em todos os níveis imagináveis e o constante desrespeito aos direitos humanos entre outros direitos fundamentais. Ao mesmo tempo, o tão propagado desenvolvimento é usufruído apenas por uma pequena parcela de atores globais representados pelos grandes bancos e corporações transnacionais, verdadeiros manipuladores do poder do dinheiro e da informação. Atores que mantém boa parte da população "prisioneira e cativa" na era das telas de TV, Internet e celulares, os quais correspondem positivamente a cada nova ordem imposta pelo capital.


[1] Tradução minha para o original em inglês. "The process masks and fetichizes, achieves growth though creative destruction, creates new wants and needs, exploits the capacity for human labor and desire, transform spaces and speed up the pace of life. It produces problems of overaccumulation for which there are but a limited number of possible solutions." (HARVEY, 1990, p. 343)



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

ESTUDANTES ORGANIZAM O 3º EELLA

Os estudantes de graduação do curso de licenciatura em Letras Inglês da FAEL (Faculdade de Estudos da Linguagem) estão organizando para o mês de dezembro a terceira edição do EELLA - Encontro de Estudantes de Língua e Literatura Anglófonas.


ORIGENS
O EELLA foi idealizado inicialmente pelos professores Jairo Souza, Cláudia Vidal, Luciana Kinoshita e Gizélia Freitas que na época formavam o corpo docente do curso e que contava com duas turmas - 2009 e 2010.   
A idéia inicial e que se mantém até hoje, é que o evento ocorra uma vez por ano como uma culminância das atividades desenvolvidas bem como a socialização dos trabalhos acadêmicos para estabelecer assim, um diálogo com a comunidade em que o curso se encontra inserida.
O primeiro EELLA ocorreu em dezembro de 2010 como parte das atividade do curso que havia se iniciado em Marabá há pouco mais de um ano. Ver link: I EELLA

 O segundo EELLA aconteceu no ano seguinte já com uma participação maior dos alunos, o que enriqueceu muito mais o evento, já que se buscava desde o início que os estudantes fossem os protagonistas do evento como parte de seu crescimento acadêmico e na busca de uma formação mais autônoma na graduação. Veja mais sobre o segundo EELLA 2011 no link: II EELLA

III EELLA em 2012
A terceira edição do evento ganha agora ainda mais força com a mobilização de uma equipe de alunos que estão a frente da organização e que prometem fazer do EELLA 2012 um evento marcante na trajetória dos estudantes de língua e literatura anglófonas na cidade de Marabá.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A exploração do trabalho aumentou

Há pessoas politicamente cegas, que pensam que o mundo do trabalho mudou. A exploração não é mais aquela dos séculos 19 ou 20. Por isso, é preciso mudar a política. A classe operária não está mais na miséria como antigamente. Esse é o papo de quem quer justificar o abandono da luta pelo socialismo e de sua adesão ao pensamento neoliberal. Isto é a aceitação do pensamento único, há 30 anos hegemônico. É claro que o mundo mudou, que a realidade do trabalho mudou, mas o fundamento do lucro do capital continua a ser a exploração e a opressão dos trabalhadores. A imposição de condições de vida e trabalho absolutamente desumanas. E o capital hoje, como sempre, prende, tortura e mata quem contesta ou faz morrer de miséria e de exploração sem fim.                
No mês de agosto o mundo assistiu a dezenas de mortes provocadas pela repressão policial a serviço dos patrões nas minas de ouro da África do Sul. Quem mandou matar? Não foi Deus e nem o Diabo. Foram os donos das grandes corporações que exploram o ouro, diamantes, ferro e mil outras riquezas daquele continente há séculos. Essa é a história da África, o continente mais saqueado pelas potências europeias para acumular suas riquezas. Nas mãos de quem? De um punhado de capitalistas, respeitosamente chamados de empresários.       
No Norte do mesmo continente, no Marrocos, há outra forma de matar trabalhadores, ou melhor, trabalhadoras. As duas maiores empresas pesqueiras da Holanda pescam camarões no Mar do Norte e os levam até o porto de Tanger, no Marrocos, para que sejam descascados. Lá estão instaladas as fábricas de descascamento onde trabalham mulheres, geralmente jovens entre 14 e 18 anos, por 12 horas por dia e em ambiente com baixíssima temperatura. No fim do mês levam para casa 60% do salário mínimo nacional. As adolescentes são tratadas como meras peças de reposição. Devido ao ritmo de trabalho e às péssimas condições, perdem sua capacidade produtiva aos 18, ficam aleijadas depois de quatro anos de trabalho.    
O mundo inteiro veste roupas ou sapatos do maior exportador mundial, a China. O segundo produtor mundial é Bangladesh. Lá a exploração é das mais terríveis. A imensa maioria das trabalhadoras ganha de 25 a 37 dólares mensais. Sim, de 50 a 80 reais. Vivem em favelas monstruosamente grandes, sem nenhuma condição humana de vida. Há constantes greves e manifestações de protesto, sempre reprimidas a tiros pela polícia dos patrões. Eles querem continuar com a mão de obra mais barata do mundo. Esta é a lógica do capital.            
E na Europa? Grécia, Espanha, Irlanda, Portugal, Itália? Lá a moda é falar da crise e com isso aumentar a exploração e retirar direitos trabalhistas. E aqui no Brasil? Sim, há quase pleno emprego, mas várias medidas estão sendo armadas para “flexibilizar” as leis trabalhistas e diminuir os custos da mão de obra. Este é o mundo do capital. O nosso mundo, o do trabalho, precisa ser construído.

Artigo originalmente publicado na edição impressa 498 do Brasil de Fato

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Uma proposta de ensino intercultural de inglês na Escola Nacional Florestan Fernandes em Marabá. —


 Nesta semana, os prof. Jairo Souza e Cintia Moura deram início a primeira etapa do projeto de extensão aprovado pela FAEL (Faculdade de Estudos da Linguagem) com a divulgação do trabalho junto aos alunos graduandos de Letras Inglês da UFPA do campus de Marabá. Na ocasião, os professores expuseram o projeto e deixaram em aberto o convite a todos os alunos do curso interessados em participar.
O projeto visa estabelecer uma parceria com a ENFF (Escola Nacional Florestan Fernandes) a partir de um curso de língua inglesa a ser desenvolvido através de oficinas com os alunos da escola e lideranças do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). O projeto entrará em vigor no primeiro semestre de 2013 e tem entre suas exectativas estabelecer novos horizontes para o ensino-aprendizagem de língua inglesa no sudeste do Pará.
A proposta do projeto é desenvolver além do trabalho com a língua inglesa - noções de interculturalidade, reflexões sobre identidade, o papel geopolítico da lingua inglesa no mundo e suas implicações para os povos em geral, entre outros aspectos que buscam estabelecer uma educaão mais solidária e libertadora.
As fotos abaixo são do primeiro encontro em julho passado com um debate sobre Noções de Cultura a partir de uma leitura estabelecida pelos ESTUDOS CULTURAIS, movimento  chamado de New Left. 
O encontro foi parte da programação da Escola Nacional Florestan Fernandes em 2012.
Conversa sobre noções de cultura 

 ENFF - Escola Nacional Florestan Fernandes
Coordenadores:
  - Prof. Cíntia Moura
  - Prof. Jairo Souza

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Marabá decide sair da greve que continua em outros campi..

 Em Belém, a assembléia contou com a presença de mais de 150 docentes que decidiram manter a greve sem data marcada pra voltar. Abaixo as fotos tiradas por mim nesta manhã de quinta-feira em Belém e acessem o link com a postagem do site da ADUFPA.
  Já em Marabá, em uma votação com pouco mais de 20 professores se decidiu sair da greve em uma clara desarticulação entre os sindicatos de Belém (ADUFPA) e de Marabá (SINDUFPAMAB) que ao que parece não estão seguindo na mesma direção. Na segunda 17/09, o campus de Marabá retornará as aulas mesmo sem calendário aprovado pelo CONSEPE, mesmo com a greve sendo mantida na capital e em vários campi da UFPA.
 
A saída isolada de Marabá dificulta a construção de uma saída unificada com calendário único e aprovado no CONSEPE e no Comando Nacional de Greve.

Professores decidem manter a greve em Belém.

Falta agora, verificar como fica a situação perante o CNG (Comando Nacional de Greve) na tentativa de uma volta da greve unificada. A ideia é evitar que os campi voltem um de cada vez em dias diferentes como está se configurando em Marabá. Esse é um desafio do movimento grevista em todo o Brasil; voltar de forma unificada o que não é nada simples, precisa ser construído ao longo da semana do dia 17/09.

SITE DA ADUFPA
http://www.adufpa.org.br/detalha_noticia.php?id=1707

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

UFPA MARABÁ - II SEMINÁRIO FLORESTAN FERNANDES EN BUSCA DO SOCIALISMO.

No dia 31 de agosto, aconteceu o II SEMINÁRIO FLORESTAN FERNANDES EM BUSCA DO SOCIALISMO no campus I da UFPA em Marabá. O seminário foi organizado pelo MOVIMENTO DEBATE & AÇÃO e pelo MST (Movimeto dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
Pela manhã duas mesas de debates sobre a obra e a importancia do sociologo para as Ciencias Sociais no Brasil, sua influencia na sociedade brasileira através de suas idéias e militancia política contemporanea brasileira.
Abaixo algumas fotos do evento:
Prof. Celia Congilio debate o trabalho de Florestan
 Prof. Rigler falou sobre a conjuntura atual, sobre as relaçoes de trabalho e a greve dos servidores
Mercedes, liderança do MST, apresentou Florestan Fernandes como uma proposta de um novo paradigma social, uma sociedade independente do Estado.
À noite, música ao vivo com um tributo a Raul Seixas. Toca Raul!!!
Banda Lady Murphy marcou presença tocando sucessos do maluco beleza.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ATO DOS SERVIDORES EM GREVE - MARABÁ/PA.


    Na manhã desta quarta-feira, servidores da UFPA, FUNAI e INCRA em greve realizaram um ato público como parte da mobilização da GREVE DOS SERVIDORES FEDERAIS que já completa 112 dias.
 A intransigência do governo Dilma em não atender os trabalhadores é absurda. O governo só sinaliza positivamente para os banqueiros, empreiteiras e o capital privado. Os trabalhadores, verdadeiros responsáveis pela realização de um serviço público de qualidade são descaradamente ignorados pelo governo e criminalizados por uma mídia televisiva irresponsável que divide os trabalhadores e coloca o restante da opinião pública contra os servidores que lutam por dias melhores no trabalho e nas suas condições de vida.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Na greve, seguimos.

A greve tem colocado em movimento não só a histórica luta por uma educação de qualidade, mas essencialmente a formação política e o diálogo com a sociedade sobre os processos educativos
14/08/2012
Roberta Traspadini

Estamos prestes a completar três meses de greve na maior parte das universidades públicas brasileiras. Para quem acreditava que esta categoria estava “morta em vida”, paralisada no seu produtivismo individual e mercantil, eis um bom exemplo da aparência fraudadora da essência política.
A greve tem colocado em movimento não só a histórica luta por uma educação de qualidade, mas essencialmente a necessidade de formação política e o diálogo com a sociedade sobre os processos educativos, para além do plano reivindicativo.
Reivindicar melhorias de condições de trabalho implica uma relação direta de respeito e adesão à luta dos técnicos administrativos e alunos. Isto exige debater, com profundidade política e acadêmica, sobre a educação que não teremos, caso não nos movimentemos juntos, contra as atuais políticas de desenvolvimento projetadas para o nosso País.
Algumas das características chaves que nos colocam em greve, como categoria, são: salas de aula lotadas; carga horaria de trabalho em sala de aula excessiva; produtivismo exacerbado, sendo números e formulários a única forma padrão de ser acadêmico de referência CAPES; hierarquização quantitativa do plano de carreira com perdas expressivas para as novas gerações de professores públicos federais – tanto do ensino médio como universitário; hospitais e restaurantes universitários terceirizados e sucateados; ausência de moradia estudantil; salários incompatíveis com o sentido de dedicação exclusiva, se retiradas as gratificações; hierarquização da remuneração pelos títulos e não pelo saber e pela história de dedicação à educação pública de qualidade.
Para os que vivemos o ambiente universitário atual e lutamos para que ele seja mais democrático, participativo e popular, a luta pela educação pública como direito social e dever do Estado, nos exige pensar duas coisas básicas:
1) o processo histórico de degradação da carreira e do sentido de se optar politicamente por ser professor/professora e de se fazer a opção pela educação pública, frente aos ditamos da lógica privada geral, no atual modelo de desenvolvimento dependente brasileiro;
2) o processo de debate com a sociedade sobre os modelos de desenvolvimento e a forma de se tratar as questões chaves manifestas pelos projetos em disputa tanto na educação, quanto na saúde, na questão agrária, entre outras.
Os aspectos positivos da greve estão relacionados ao convívio politizador das e entre as categorias, tanto no interior das universidades, como na relação com a sociedade e demais categorias em greve.
A greve nos abriu uma possibilidade na construção político-educativa: a de nos reconhecermos, como educadores, por opção política. Foi o reforço de nossa re-ação como protagonistas do processo que desejamos construir, a partir da luta que realizamos contra aqueles que prestam um desserviço à Nação, ordenados e orquestrados pelo capital, contra o trabalho, tanto na produção do conhecimento, quanto na produção de mercadorias atreladas a ele.
O saldo positivo da greve não está no êxito das conquistas nas negociações com o Governo, que desde o início se mostrou intransigente na sua lógica de não se dispor a efetivar um processo compatível com o que reivindicamos, no que tange à garantia da qualidade do trabalho do servidor público federal.
Parte do saldo positivo da greve está no movimento coletivo que se abre, a partir dela, mas vai além. A capacidade de romper com a lógica sistêmica e instituir uma construção coletiva em que os saberes se juntem na multiplicidade dos fazeres coletivos no interior da universidade e para grande parte da sociedade.
É assim como a luta pelos 10% para a educação, pautada por várias categorias, vai sendo assumida, como disputa pelo orçamento previsto e executado com supremacia pelo capital, na atual política educacional do Governo brasileiro.
Uma nova juventude está em movimento em todo o Brasil. Este grupo assumirá a batuta da educação superior nos próximos 15 anos, como educando e educador. E já começou o exercício coletivo de formação política, na luta, sobre o que se tem e o que fazer para efetivar o que se quer.
O que está em xeque é o modelo de desenvolvimento brasileiro. A questão da educação, aberta pelas várias greves, se soma à questão agrária, à questão do trabalho, à questão da saúde, enfim, o projeto de desenvolvimento que temos, não queremos e gritamos, com eco coletivo, o que necessitamos realizar juntos, dentro e fora da ordem.

Roberta Traspadini é economista, educadora popular e integrante da Consulta Popular/ ES.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Para onde vão as nossas universidades?!

 
Ricardo Antunes*
Publicado em 6 de agosto de 2012 às 10:35
O ProUni fortaleceu faculdades de fachada. Já as federais, agora produtivistas, não têm nem prédios. Mas vozes privatistas, “de mercado”, criticam a greve.
A expansão do ensino superior durante os governos Lula e Dilma foi quantitativamente ampla, tanto para as universidades públicas quanto para as privadas.
O primeiro grupo vivenciou uma expansão dos campi muito significativa, através da profusão de cursos – muitos dos quais, entretanto, pautados pela razão instrumental, de qualidade duvidosa e em sintonia com a era da flexibilidade.
O segundo grupo viu o governo do PT mostrar também um lado generoso em relação aos mercados. Faculdades em sua grande maioria de fachada, autodefinidas como “instituições do ensino superior”, carentes de rigor científico mínimo em sua docência e pesquisa (esta, salvo raras exceções, inexiste neste ramo empresarial), tiveram seus cofres inflados com o ProUni.
Já que os pobres são tolhidos em larga escala das universidades públicas -uma vez que frequentam o ensino fundamental em escolas públicas, que se encontram destroçadas-, o governo Lula encontrou uma saída bárbara: reuniu-os nos espaços privados do ProUni.
De outra parte, deu-se positivamente a ampliação das universidades públicas, através da expansão dos cursos nas instituições federais e da contratação significativa de docentes. Mas o governo o fez deslanchando o Reuni, programa de expansão das universidades federais.
Constrangidos pelo produtivismo (anti)acadêmico e calibrados pela competição, há precarização de condições de trabalho. Os salários são baixos. A carreira, mal estruturada.
Mas o governo não contava que essa ampliação quantitativa tivesse fortes consequências qualitativas: a nova geração de jovens professores, doutores em sua grande maioria, parece não aceitar sem questionamentos esse lado perverso do Reuni, que quer assemelhar universidades públicas àquelas onde viceja o ProUni.
Dando aulas muitas vezes em galpões, sem salas de professores (quando há, sem condições de pesquisar), os docentes, cujos adoecimentos e padecimentos, para não falar de mortes, não param de se ampliar, decretaram uma ampla e massiva greve nas federais.
Querem melhores salários, condições de trabalho dignas e carreira efetivamente estruturada.
Os conservadores dizem, tentando mascarar o desejo pela completa privatização, que a greve dos docentes públicos é uma forma de “receber sem trabalhar”. “Esquecem” algo elementar: qual docente, no juízo razoável de suas faculdades, quer arrebentar seu calendário e repor aulas quando deveria estar em férias?
Só mesmo as vozes conservadoras podem identificar uma greve, com suas atividades, assembleias, debates, desgastes, riscos e tensões, como “descanso remunerado”, argumento histórico das direitas derrotado pela Constituição de 1988.
Para muitas dessas vozes, a pesquisa e a reflexão livres incomodam. Elas gostariam de privatizar as federais, convertendo-as ou em universidades profissionalizantes ou, ao menos parte delas, em “universidades corporativas”, uma flagrante contradição, pois universalidade não rima com corporação.
Há um segundo ponto importante: muitos alegam que é preciso investir no ensino básico, o que os leva a recusar o apoio à universidade pública. Mas alguém seriamente acredita que aqueles que querem destroçar a universidade pública querem, de fato, um ensino básico público, laico e de qualidade?
*É professor titular de sociologia na Unicamp e autor de “O Continente do Labor” (Boitempo).
Fonte: Vi o mundo

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Frei Betto Discute a Greve nas IFES com um amigo (conversa esclarecedora, por sinal).


Aqui o link do site: http://www.brasildefato.com.br/node/10150
Frei Betto, em 20/07/2012

Eis que esbarro no aeroporto com um amigo, alto funcionário do governo federal. Fomos colegas de Planalto nos idos de 2004. Fui direto ao ponto:
- E quando o governo acabará com a greve dos professores das universidades públicas, que já dura mais de 60 dias? Ela paralisa 57 das 59 universidades federais e 34 dos 38 institutos federais de educação tecnológica. São 143 mil profissionais de ensino de braços cruzados.
- O governo? – reagiu surpreso. - Eles é que decidiram parar de trabalhar. Já é hora de descruzarem os braços e aceitar nossa proposta apresentada na sexta, 13 de julho. A partir do ano que vem um professor titular com dedicação exclusiva poderá ter aumento de 45,1%.
- Sexta-feira 13 não é um bom dia para negociar... Sei que o PT tem tido sorte com o 13. Mas, pelo que me disseram professores, a proposta do governo está aquém do que eles querem. E só favorece os professores que atingiram o topo da carreira, e não os iniciantes. Como é possível um professor adjunto, com doutorado, ganhar R$ 4.300, e um policial rodoviário com nível superior R$ 5.782,11?
- O que pedem é acima do razoável. E se a greve prosseguir, nem por isso o país para.
- Você parece esquecer que o PT só chegou à Presidência da República porque o movimento grevista do ABC, liderado por Lula, encarou a ditadura, desmascarou as fraudes dos índices econômicos emitidos pelo ministério de Delfim Netto e exigiu reposição salarial.
O amigo me interrompeu:
- Aquilo foi diferente. Máquinas paradas atrasam o país.
- Este o erro do governo, meu caro. Não avaliar que escola fechada atrasa muito mais. Quem criará as máquinas ou, se quiser, trará ao país inovação tecnológica se os universitários não têm aulas? Quem estanca a fuga de cérebros do Brasil, com tantos cientistas, como Marcelo Gleiser, preferindo as condições de trabalho no exterior? A maior burrice do governo é não investir na inteligência. Já comparou o orçamento do Ministério da Cultura com os demais? É quase uma esmola. Como está difícil convencer o Planalto de que o Brasil só terá futuro se investir ao menos 10% do PIB na educação.
Meu amigo tentou justificar:
- Mas o governo tem que controlar seus gastos. Se ceder aos professores, o rombo nas contas públicas será ainda maior.
- Como pode um professor universitário ganhar o mesmo que um encanador da Câmara Municipal de São Paulo? Um encanador, lotado no Departamento de Zeladoria daquela casa legislativa, ganha R$ 11 mil. Um professor universitário com dedicação exclusiva ganha R$ 11,8 mil. Agora o governo promete que, em três anos, ele terá salário de R$ 17,1 mil.
- O governo vai mudar o plano de carreira. Professores passarão a ganhar mais em menos tempo de trabalho.
- Ora, não me venha com falácias. Quando se trata do fundamental –saúde, educação, saneamento– o governo nunca tem recursos suficientes. Mas sobram fortunas para o Brasil sediar eventos esportivos internacionais protegidos por leis especiais e comprar jatos de combate para um país que já deveria estar desmilitarizado.
- Você não acha que é uma honra o Brasil sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo? Não é importante atualizar os equipamentos de nossa defesa bélica?
- Esses eventos esportivos estarão abertos ao nosso povo, ou apenas aos turistas e cambistas? E quanto à defesa bélica, há tempos o Brasil deveria ter adotado a postura de neutralidade da Suíça e abolir suas Forças Armadas, como fez a Costa Rica em 1949. Quem nos ameaça senão nós mesmos ao não promover a reforma agrária para reduzir a desigualdade social e manter a saúde e a educação sucateadas?
Meu amigo, ao se despedir, admitiu em voz baixa:
- O problema, companheiro, é que, por estar no governo, não posso criticá-lo. Mas você tem boa dose de razão.
Frei Betto é escritor, autor de "A obra do Artista – uma visão holística do Universo” (José Olympio), entre outros livros. www.freibetto.org - Twitter:@freibetto.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Rosane - A Caçadora de Marajás.

Ao levar ao ar em rede nacional a entrevista com a ex-primeira dama Rosane Collor de Melo, a rede Globo mais uma vez saiu na frente no quesito da irresponsabilidade e da manutenção de preconceitos na sociedade. Em uma entrevista que mais parecia uma paródia da novela Cheia de Charme da própria emissora, Rosane Collor com um ar de "patroete" reclama sua pensão em frente das câmeras na noite de domingo para todo o Brasil. Com uma chamada que prometia revelações polêmicas sobre o governo do presidente Fernando Collor ainda nos anos 90, a emissora de TV conseguiu chamar a atenção de muitos telespectadores que foram "fisgados" por suas chamadas sensacionalistas. 
DESPREZO E CINISMO
A GLOBO com uma postura irresponsável deu voz em rede nacional a uma mulher que estava ali apenas pra reclamar uma pensão do ex-marido, discriminar aparentemente o que seriam as religiões afro no Brasil, falar do impeachment de seu ex (grande notícia) e anunciar de maneira oportunista, o lançamento de um livro que conta a sua vida com o ex-marido presidente Fernando Colllor - pelo qual diz estar sendo ameaçada. A ex-primeira dama com a maior "cara-de-pau" demonstrou junto com a emissora de TV que despreza totalmente a realidade do país em que vive. Com um cinismo deslavado ousa falar de religião e de uma entrega de sua vida à Deus e ao mesmo tempo está ali pra exigir dinheiro de seu ex-marido. Baixaria de dar inveja ao programa do Ratinho.
ESTRATÉGIA DE AUDIENCIA
Esta não é a primeira vez que a Globo traz para frente da telinha alguém famoso, "enfeita o pavão", anuncia uma entrevista que é dita como polêmica e bombástica quando na verdade não passa de uma jogada da emissora para garantir picos de audiencia na noite de domingo. Quem não lembra recentemente do fiasco de assistir a Xuxa anunciando que tinha sido abusada sexualmente? Sensacionalismo em nome da audiencia a qualquer custo, disfarçado de notícia e informação. 

Link do TERRA: