O texto abaixo me foi enviado por e-mail e estou aqui divulgando a luta do povo paraense que é vítima de sua própria riqueza. O texto trata da luta de um povo que a decadas sofre com a presença dos grandes projetos e grandes empresas que aqui se fixaram mas muito pouco tem feito pelo povo trabalhador desta região. Muito pelo contrário, os grandes projetos não são articulados com a população. As empresas se apropriam da riqueza do Estado e acabam expulsando o povo de sua própria terra. Aumentando a pobreza nos centros urbanos da região com o deslocamento de pessoas na expectativa de empregos e oportunidades que nunca se concretizam. Para saber mais procure os diversos movimentos e grupos MST, CPT, MAB, CEPASP, FEAB e FETAGRI.
Abaixo, o relato dos movimentos sociais.
"No Pará a mineração está presente na fase de lavra ou na pesquisa, em todo o estado. Os problemas gerados vão além dos de caráter ambiental como poluição e desmatamento e dizem respeito aos trabalhadores, que estão sendo expulsos de suas terras sendo obrigados a ir para as cidades que tem se tornado verdadeiros bolsões de pobrezas, onde as populações que chegam ficam sem moradia adequada e sem serviços de saneamento, educação, saúde e segurança. A prostituição infantil, tráfico de drogas e criminalidade, têm crescido sem controle.
As cidades do Pará afetadas por este processo são: Barcarena, Canaã dos Carajás, Paupebas, Marabá e Oulirândia.
Barcarena é o centro da destruição no Pará. Existem várias empresas se instalando na cidade, acarretando na explosão demográfica da população. O problema mais grave hoje é a implantação de um porto pela empresa Buritirana, várias comunidades têm sido afetadas. As comunidades se organizaram e atuam a partir de um TAC do MPE.
Barcarena, no documento da Vale, é um projeto com 6 vantagens e 12 desvantagens. Tem palavras em inglês que ninguém entende. Isso é uma sem-vergonhice.... linguagem técnica m inglês para ninguém entender.
A Bacia de contenção da Alunorte causa grande poluição na região de Barcarena. Ontem foi inaugurada a 26ª bacia. A comunidade está a 150 metros de uma delas. Em 2009 houve transbordamento de uma das bacias que poluiu inclusive praias. Há dias que surgem 3 manchas na areia no amanhecer. O poder judiciário é comprado pela empresa. Processamos e movemos uma ação contra a Vale, mas varias audiências foram desmarcadas Enquanto liderança, sou proibida de entrar na empresa. Ocorreram varias mortandades de peixes, poços contaminados e pessoas já adoeceram várias vezes. As comunidades entraram contra a justiça do município, pois, o juiz não compareceu em nenhuma audiência. A Vale não saiu da região de Barcarena, continua com participação nas ações da empresa norueguesa. Temos que fazer as lutas contra a consolidação do capital na região. Em Paraupebas estão querendo passar um ramal ferroviário que está causando problemas financeiros e estruturais, destruindo estrada, e afetando o transporte escolar, porque a van não entra mais nas estradas.
Em Marabá a preocupação é o local onde está construída a Alpa, há 1 km do nosso Projeto de Assentamento. O desvio da estrada fica a 1 km. Tem gente que comemora que a área vai ser desapropriada. estamos lá há 13 anos. O INCRA disse que o pessoal tem que sair porque lá é APP, mas a questão é que a Vale precisa de uma área para reserva florestal. Semana que vem vão fazer levantamento no PA Grande Vitória e Boa Esperança do Burgo, com certeza vai pegar o assentamento. Para nós é muito preocupante, a nossa vila (Vila do Grande Vitória) vai ser a primeira a acabar. Em Cannaã do Carajás os problemas são dois: a Vale e o Incra. A gente tem observado: fui assentado pelo INCRA em 1984, tínhamos estrada boa cascalhada, tínhamos acessos a Parauapebas. Em 1984 entravam nas nossas áreas e comunidades, pedindo para fazer pesquisa desmatavam nossas áreas para montar acampamento, muitas das vezes minha roça era destruída para abrir picadas, a gente ficava animado mas não sabia o que ia acontecer.
O projeto Sossego começou em 2002, já saíram 120 famílias. O projeto está em cima de um Projeto de Assentamento. Vários companheiros saíram, mas depois voltaram trabalhando como vigia. A Vale hoje só trabalha na pressão, é lisa que nem cobra. Participei da caravana, aprendi e passei para os companheiros. No dia seguinte do primeiro encontro dos atingidos pela Vale , a empresa espalhou panfletos dizendo que “a Vale ajuda a população”. A forma que os companheiros estão saindo não é o correto, muita gente tem se prejudicado. Em Canaã os professores estão com salários atrasados e ruas esburacadas, no entanto a prefeitura de Canaã, só nesse mês recebeu 12 milhões.
Em Ourilândia a nossa luta não é diferente. As escolas estão lotadas e com todos os mesmos problemas de outros lugares afetados. Se nós nos unirmos vamos vencer esse leão. Quero ressaltar ao Pixilinga que aqui o problema maior é o INCRA... Você vai em Ourilândia e diz que a cidade é bonita, mas sai cinco metros da pista e você ver a situação. Tem um lixão dentro do PA. O desrespeito é com todo mundo da comunidade e com funcionários.
A gente sabe que esses projetos têm problemas em todas as fases. Da pesquisa ao fechamento. Aceleramento da exploração com a duplicação, aumento dos portos? Será que ela tem medo que os compradores sejam mais exigentes? Ou que queiram conhecer as comunidades?
Como a Vale tem facilidade de abrir os Projetos! A inviabilidade da reforma agrária como forma de facilitar esse modelo e a desarticulação do INCRA é visível. Na região tem mais dois projetos: um da Caraíba Metais em Tucumã, e outro da Anglo American, em São Félix do Xingu."
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