Heródoto Barbeiro*
Alguns
políticos continuam brincando com a paciência do povo. Aquela que se
acabou nas recentes manifestações e se cristalizaram em uma tentativa de
invadir o Congresso e protestar no plenário. O evento terminou em
grossa pancadaria e o repúdio de milhares de pessoas que vaiaram
simbolicamente os seus representantes. Estes ainda acreditam que estão
impunes atrás das paredes e podem continuar usufruindo das mordomias
pagas pelos contribuintes que protestam. Usam e abusam do dinheiro
público porque se acostumaram a não ser cobrados. Só para dar um
exemplo, a Câmara Municipal de São Paulo custa 450 milhões por ano,
metade do valor com que a cidade subsidia o transporte público. Parece
que nem mesmo o abaixo-assinado com mais de um milhão de assinaturas do
“Fora Renan”, assustou essa gente.
Agora ficou mais fácil
fiscalizar quem usa indevidamente os jatinhos da FAB para passear e
carregar amigos e parentes. Como será que os oficiais da Força Aérea se
sentem ao cumprir uma ordem de gastar o querosene do povo para um desses
nababos? O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, é um
deles. No domingão do jogo final da seleção na Copa das Confederações
chamou um jatinho, como se chama um táxi, para Natal. Iria ao Rio de
Janeiro para uma reunião com o prefeito local que não constava da
agenda. Já que iria para o Rio, que mal tem levar toda a família, para
torcer para a seleção canarinho e ajudar a pátria em chuteiras? Quanto
custa um voo desses? Pego no contra o pé avisou correndo que vai pagar a
despesa. Estaria com medo de manifestações na porta da casa dele como
ocorreu na porta governador do Rio de Janeiro.
O presidente da
Câmara é uma peça importante no processo de reforma política que o país
tanto precisa. É um cargo de confiança. É um agente que precisa ter
ética, ser transparente, defender o interesse público e o fortalecimento
da democracia. Mas o Brasil já tem um homem com esse perfil, é Henrique
Eduardo Alves, o admirador dos jatinhos da FAB. Quantas outras viagens
como essa ocorrem sem que o contribuinte ovino saiba e continue bancando
com os seus impostos? Quantos rolos de esparadrapo vale uma viagem de
jato de Natal ao Maracanã? São os mesmos que vão liderar as mudanças,
com a mesma cara de pau. Ainda acham que podem se esconder atrás das
mentiras que contam dia a dia e são espalhadas pelo país. Só mesmo com o
povo, muito povo, na porta do Congresso vai ser possível aprovar
mudanças para tirar os sangue-sugas nas nossas jugulares.
* Heródoto Barbeiro é escritor e jornalista da RecordNews e R7.com
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